Histórias de famílias que convivem com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm se tornado cada vez mais visíveis e inspiradoras no Brasil. Celebridades como Marcos Mion, Manoel Soares e Felipe Araújo compartilham a experiência de criar filhos com autismo, ajudando a dar visibilidade ao tema e a combater estigmas. Esses relatos têm sensibilizado a sociedade e impulsionado avanços importantes, como legislações específicas — a exemplo da Lei Romeo Mion, que garante direitos a pessoas com TEA.
Mas o que dizem os especialistas sobre o autismo, seus sinais e as formas mais eficazes de tratamento? Para responder, a psicóloga Camila Lessa, referência nacional na área, traz informações valiosas.
Primeiros sinais: o olhar atento faz diferença
O desenvolvimento infantil apresenta marcos importantes nos primeiros meses de vida. Alterações no contato visual, na fala e na aceitação de alimentos podem ser sinais de alerta para o autismo.
“É primordial observar a qualidade do contato visual ainda na amamentação, se acompanha estímulos como brinquedos. Na introdução alimentar, notar se aceita diferentes texturas. Também observar se sustenta o corpo entre 4 e 5 meses, se balbucia no tempo esperado e se inicia fala de algumas palavras até 1 ano.”
Diagnóstico: quanto antes, melhor
O diagnóstico precoce é fundamental para garantir melhores resultados no desenvolvimento da criança. Hoje, já é possível identificar atrasos ainda nos primeiros anos de vida.
“O diagnóstico pode ser clínico, com o pediatra, ou com equipe multidisciplinar. Já conseguimos identificar sinais de atraso no desenvolvimento em bebês e iniciar estimulação precoce, o que aumenta muito as chances de evolução.”
Tratamentos eficazes para cada fase
As intervenções mudam conforme a idade e as necessidades do paciente. O tratamento deve ser personalizado, sempre com base científica.
“Hoje a Análise do Comportamento Aplicada (ABA) é a técnica mais eficaz para crianças, ajudando no desenvolvimento de habilidades e na diminuição de comportamentos que atrapalham. Para adolescentes e adultos, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é o recurso mais indicado, especialmente no gerenciamento das emoções.”
Causas: um conjunto de fatores
O autismo não tem uma causa única definida. Pesquisas apontam que fatores genéticos e ambientais podem estar envolvidos no desenvolvimento do transtorno.
“As pesquisas apontam que as causas são multifatoriais. Há fatores ambientais — como uso de drogas, medicamentos e infecções durante a gestação — e também genéticos, especialmente em famílias com histórico de transtornos do neurodesenvolvimento.”
Preconceitos e estigmas: o maior desafio
Apesar dos avanços em informação e inclusão, pessoas autistas ainda enfrentam estereótipos prejudiciais e discriminação tanto na escola quanto na sociedade.
“O estigma divide-se em duas frentes. De um lado, o mito do ‘gênio autista’, muito reforçado por Hollywood. De outro, a exclusão de autistas com maior necessidade de suporte, muitas vezes desacreditados até por profissionais. Ainda falta uma inclusão que respeite suas particularidades e potenciais.”

Sobre a especialista
A psicóloga Camila Lessa (CRP 06/149529) é especialista em autismo e atua em equipe multiprofissional. Certificada em Seletividade Alimentar por Madrid e pós-graduanda em Análise do Comportamento, é coautora do livro Autismo: Uma Jornada Consciente e autora de Autismo: Muito Além do Diagnóstico.
Contato: @cah_lessa
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