A atriz e ex-sister do BBB22 Maria, que recentemente anunciou que criou um perfil na plataforma de conteúdo adulto OnlyFans, rebateu críticas que vem sofrendo de alguns internautas.
Em seu Instagram Stories, na segunda-feira (4), além de postar prints de algumas mensagens, ela ainda falou sobre a sua decisão e como o corpo feminino costuma ser usado, muitas vezes sem autorização delas, ao longo de muitos anos.
“Não é nenhuma novidade que o corpo da mulher é usado para vender: é em comercial de cerveja, em filme com cenas de nudez sem contexto, propaganda de perfume… até o algoritmo das redes sociais responde melhor e engaja fotos de biquíni, decote, roupa que marque o corpo. Vocês podem pesquisar a quantidade de artistas que já fizeram ensaios sensuais, foram capa da Playboy, do site Ego… mas existia um padrão. E todo mundo ganhava dinheiro com isso e seguia o baile”, começou Maria.
“Eu ser explorada pela indústria em clipes, letras, looks, ensaios, cenas, clickbaits… é normal. Agora, por livre espontânea vontade, escolher o que vou postar, onde, quando e por quanto, causa tamanha estranheza?! Há problemáticas que existem e não vão ser resolvidas nessa geração, mas sim, podem começar a ser debatidas, sem que coloquemos ‘as vítimas’ no topo da discussão”, completou Maria, que defendeu sua decisão e que, para ela, isso também vem sendo um dos fatores que tem gerado críticas.
“Meu corpo é meu instrumento de trabalho em todas as áreas que atuo e eu poderia estar sensualizando em qualquer uma delas. Mas essa eu escolhi. Isso que incomoda. Qual o espanto em ver que hoje eu tenho 21 anos e entender que eu cresci, engordei, passei da puberdade, minha voz engrossou e que agora vocês acompanham uma jovem mulher? Adulta. Independente. Maior de idade”, ainda escreveu ela.
O desabafo de Maria foi além, com um apanhado do contexto histórico socioeconômico mundial. “Em um mundo utópico, escolheriam uma foto minha vestida, conversariam sobre a minha carreira, e sobre o frio na barriga de estar em um set de gravação. E não sobre se é mais estranho fazer cena de sexo ou de biquíni, falaríamos dos meus futuros projetos ao invés de perguntar qual o homem dos meus sonhos ou explorar minha sexualidade para render os clickbaits, mas é um mundo utópico: o nosso mundo é capitalista, racista, machista e cis-hétero normativo. Não são palavras inventadas para lacrar, são estudos sociais de gerações, sobre a história do mundo e como ele funciona. E vão demorar décadas ou séculos para que haja uma reparação. Existe muita gente disposta, mas para isso, também tem que engolir muito sapo.”
“Sim, eu gostaria de ganhar dinheiro apenas com a minha arte, sem responder perguntas sobre sexualidade. Qual meu homem ideal, ou quais os meus segredos de beleza. Eu gostaria que falassem sobre minhas músicas sem enfiarem pautas sociais nelas. Gostaria que me contratassem além dos estereótipos e assim eu tivesse mais oportunidades de trabalho pelo meu talento e dedicação, e não para preencher cotas. Gostaria de andar aí em eventos e shows sem maquiagem, sem me preocupar tanto com meu corpo, com a forma que me visto ou sento numa cadeira. Mas isso tudo ainda é utopia. Eu escolhi trabalhar na indústra da música e do audiovisual sabendo que, pra gente como eu, o buraco é mais embaixo. Esse dinheiro paga minha comida, meus exames, meus funcionários, meu aluguel, conta de luz, água, aula de canto, meus estudos, terapia e até a ração dos meus cachorros. Não me importa o alarde que a mídia faz sobre meus conteúdos (sem sequer terem visto que posto), é um dinheiro honesto. Eu simplesmente capitalizei toda a sexualização que fazem com meu corpo, colocando os limites do que quero expor e escolhendo a forma em que faço isso”, disparou Maria.
Ela ainda lembrou quando vídeos seus dançando foram usados em um site pornográfico com uma descrição fortemente desrespeitosa. “Ano retrasado meus vídeos dançando funk nos Stories foram parar em um site pornô com essa legenda grotesca. Eu não ganhei um real com essa sem vergonhice”, finalizou.