Fernanda Pessoa cria curso pré-vestibular e espera faturar R$ 16 milhões

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Um curso de literatura chamado Fernanda Pessoa pode até parecer proposital — como uma homenagem ao famoso poeta português. Mas, na verdade, ele leva o nome da professora e fundadora. Desde 2021, o curso com sede em Recife, Pernambuco, também oferece todas as matérias cobradas no vestibular e, atualmente, possui 15 mil alunos — 10 mil deles no modo online. A expectativa do negócio é faturar R$ 16 milhões neste ano.

Apesar de ter quase o mesmo nome do poeta, Pessoa, hoje com 41 anos, se envolveu com a literatura quase por acaso. A sua primeira opção de carreira era medicina mas, depois de engravidar aos 15 anos, ela percebeu que seria difícil sair de sua cidade natal, Arcoverde, em Pernambuco, para estudar. Um dos cursos disponíveis próximos à sua casa era o de licenciatura em Letras, e ela decidiu se matricular depois de terminar o ensino médio.

Sem dinheiro para pagar a mensalidade, Pessoa fez acordo para vender lanches dentro da faculdade e também começou a trabalhar em colégios e dar aulas particulares. Em 1998, mudou-se para Recife, onde continuou com as aulas e as vendas de doces.

No entanto, não estava satisfeita com o método com que a literatura era ensinada. “Sempre me incomodou muito o jeito que as aulas eram dadas, com uma grande-curricular ultrapassada”, afirma. “Eu não acreditava que era útil pedir para um adolescente escrever um poema sem ser poeta, sem ter um senso crítico.”

Com as ideias modernas, criou problema nas escolas em que trabalhava e acabou demitida de várias delas. Foi então que decidiu alugar uma sala, na parte de trás de um açougue, para ensinar literatura do jeito que ela acreditava ser mais eficaz para o vestibular. A primeira turma foi em 2000, quando 10 dos seus 13 alunos foram aprovados no vestibular. No ano seguinte, os próprios estudantes começaram a divulgar o seu trabalho.

Pessoa conta que o seu diferencial era oferecer um curso diferente e mais barato do que a concorrência. “Meus alunos eram pessoas que não poderiam pagar os cursos grandes para vestibular”, afirma. Em 2005, a empreendedora já tinha 500 estudantes em 12 turmas.

Pouco depois, se ofecereu para trabalhar como professora em um dos maiores cursos de pré-vestibular do Recife. “O dono do curso gostou da ideia, porque muitos alunos reclamavam da aula de português”, afirma. Deu certo, e no ano seguinte ela entrou como sócia da empresa. No entanto, dividindo a sociedade com outras três pessoas, ela sentiu dificuldade de implantar as suas crenças — desde a decoração do espaço até o conteúdo das aulas. Saiu de lá em 2009, com a ideia de criar seu próprio curso e R$ 5.000 no bolso, valor diminuto que conseguiu depois de um difícil processo de rescisão

Um ano antes, havia elaborado o Redação Colorida, método de escrita que é um dos seus maiores sucessos. “Parece algo primário. Mas começamos a pintar partes da redação para perceber o que é necessário ter em cada uma delas. Por exemplo, a introdução precisa ter contexto em que é necessário usar uma parte prévia de conhecimento”, explica.

Voando solo, contou com antigos alunos, que não haviam sido aprovados no vestibular daquele ano e fizeram matrículas. Começou o curso com 1.500 estudantes em dez turmas. Usou o primeiro capital para reformar o espaço — que não tinha nem banheiro funcionando — e não parou de crescer.

Em 2018, decidiu implantar o curso online após sugestão de seu marido. “No início, eu era contra porque gostava do olho no olho das aulas presenciais. O estúdio ficou pronto, mas eu ainda não tinha coragem de dar aulas”, afirma. As aulas virtuais acabaram sendo fundamentais especialmente durante a pandemia, já que o curso presencial teve de ser interrompido até setembro de 2021.

Agora, a ideia é investir no virtual — em que é possível alcançar mais pessoas e não há limitação do espaço. A meta é ter 50 mil alunos matriculados virtualmente em menos de um ano. Para isso, ela vê como um processo também ter que diminuir a quantidade de aulas presenciais nos próximos cinco anos. “Percebo que vou precisar diminuir a carga horária, também pelo meu cansaço de mais de 20 anos dando aulas”, afirma. “Mas não é algo que posso colocar em prática agora, já que o presencial é meu primeiro amor, e estou na fase de me apaixonar pelo virtual.”

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