O ator Rodrigo Santoro, de 46 anos, recordou a reação de choque gerada em parte do público ao vê-lo no papel da travesti Lady Di no filme “Carandiru”, dirigido em 2003 por Héctor Babenco.
Em entrevista ao podcast “Podpah“, ele deu detalhes do processo de composição da personagem e contou que fez questão de conversar com pessoas trans para entender melhor o universo que pretendia retratar.
Fique por dentro dos lançamentos do cinema e do streaming com Na Sua Tela. Toda semana, no seu e-mail
“O que eu tinha entendido é que o mais importante era a alma feminina [da personagem]. Conversei com uma transexual aqui em São Paulo e ela me falou: ‘é tão difícil me sentir uma mulher presa em um corpo de homem. Sinto que nasci no corpo errado.’ Aquilo foi muito tocante para mim”, relatou Santoro.
Essa experiência foi fundamental para que o ator alcançasse o desempenho desejado no teste para o longa.
“Ali na hora, eu fui numa sensibilidade feminina. Como se fosse uma mulher mesmo, independente do corpo que eu tinha. E foi exatamente o que atraiu o diretor. Ele disse: ‘adorei isso'”, recordou.
Embora “Carandiru” tenha sido uma unanimidade entre a crítica – faturando, inclusive, prêmios no exterior -, Rodrigo Santoro lamentou o fato de parte dos espectadores ter se desgostado do fato de vê-lo interpretando uma prevista.
“Provavelmente o público feminino, que estava acostumado a me ver mais como galã na televisão, não conseguiu digerir, não conseguiu lidar com essa situação. Elas iam embora do cinema”, contou ele, que chegou a presenciar a ‘debandada’ de parte da plateia em uma das sessões do filme.
Segundo Rodrigo, o ápice da rejeição se dava na sequência em que Lady Di se casava com Sem Chance (Gero Camilo) e o beijava na boca ao final da cerimônia.
“Me falaram que [isso] estava rolando e eu falei: ‘vou ao cinema [para confirmar]’. Fiquei atrás, agachadinho, já tinha começado a sessão, fiquei olhando… E era na cena do casamento. Na hora do beijo. Quando rolava o beijo, a pessoa levantava e ia embora. Eu vi acontecer”, detalhou.