Bateria arrisca mais bossas, enquanto Carlos Jr e casal repetem destaque no segundo ensaio da Acadêmicos do Tucuruvi

Antes de vir a tempestade no sábado movimentado com seis ensaios técnicos, abrindo o dia, a Acadêmicos do Tucuruvi fez seu segundo ensaio técnico no ritmo de Bezerra da Silva, homenageado pela escola. Os destaques voltaram a ser casal e o intérprete Carlos Jr no carro som. Evolução melhora bastante do primeiro para segundo ensaio, a harmonia cantou, mas não teve uma explosão do samba. A azul, amarelo, branca e vermelha será a segunda escola a passar pelo Anhembi no sábado, dia 18 de fevereiro.

Com um elemento alegórico grande na comissão de frente. Um dos atos era só com homens com roupas sujas de tinta, e o Bezerra ao centro, que pela característica boina é logo.

Instrumentos musicais faziam parte da apresentação, talvez o ponto alto da apresentação por todo o contexto envolvendo Bezerra da Silva. Após a apresentação do grupo, surgiam as mulheres, desciam do elemento e muita movimentação. Depois somente as mulheres retornavam ao elemento alegórico, ao centro, este que girava. F

oi uma apresentação de fácil leitura, apesar de ser bem intensa nos movimentos, até difícil de captar em imagens, mas dava para entender referências na malandragem da dança, as conexões com o homenageado já no início da escola.

Mestre-sala e Porta-bandeira

O casal Waleska e Luan muito entrosado, nos passos e olhares, chamaram atenção com os passos sincronizados, seja pelas mãos, ou nos pés, combinando para lá, para cá, e os giros envolventes com o pavilhão sempre desfraldado, nitidamente. Waleska com seu sorriso característico, Luan evoluindo nos seus passos, bailado, dá para sentir a energia deles, apresentaram o pavilhão nas duas primeiras cabines dentro do exigido, ou seja, passaram bem pelo ensaio, mais uma vez.

No restante, brincavam bastante, estavam leves no ensaio, desfrutando o momento do último ensaio técnico junto com a comunidade como explicou o mestre-sala Luan Caliel.

“Comparado com o primeiro, esse daqui foi perfeito praticamente. Não podemos falar que foi 100% perfeito, pois a dança nunca é perfeita. Mas foi uma vibe incrível, vários momentos viemos nos divertindo, brincando com o público, mandando beijo para o público.

Na hora do jurado viemos dentro do critério e depois passava o jurado, dava para brincar, tirar uma onda, é o último ensaio nosso com a comunidade então tem que vir um pouco mais descontraído e se Deus quiser vem os 40”.

A porta-bandeira Waleska Gomes, com sua lente que deixava o olho vermelho, até arrepia, enfim, na pista, mostrou muita concentração e entrosamento com seu mestre. Um momento era quando ambos abriam o pavilhão e centralizados na pista, sem ir para um dos lados da arquibancada. Sobre a apresentação, Waleska disse para o site.

“Muito, trabalhamos todos os dias, acredito que vocês veem, e quando fazemos um ensaio geral, é diferente a energia. Pois dependemos da escola, andamento, depende do clima, do vento, chuva, e hoje estou feliz, pois rezei muito para o tempo ajudar nós. O vento acaba me atrapalhando e parece que foi tudo muito bom, o primeiro ensaio saímos feliz né filhão? Hoje zeramos o game, foi demais”.

Com o último ensaio e já mirando o dia do desfile, Waleska contou sobre o que esperar do casal da Tucuruvi: “Podem esperar um casal muito ensaiado, com a coreografia limpa, e nas pontas dos pés, o samba, o sorriso, a interpretação, e acima de tudo o amor pelo pavilhão, a nossa dança, o nosso amor, um pelo outro, nossa parceria é maravilhosa, é meu filho, parceiro de vida, se pudesse escolher dez mil vezes, escolheria. Então é isso que podem esperar, é uma fantasia linda, diferente do que já usamos, então fiquem ligados, que vão gostar”.

Harmonia

No quesito, a escola passou com o samba na ponta da língua, mas não senti nenhuma ala explodir no canto. Explicando melhor, o que dava para ver era uma escola que sabia o samba, cantava, mas um pouco tímida, ou seja, não com tanta potência. Destaco algumas alas em sua passagem pelo Anhembi. Uma delas, a ala revelação com bexigas azul e amarelo, dava um efeito visual interessante na pista. Baianas com contraste de cor azul e amarelo, eram bem animadas na pista, pura simpatia. Ala entrelaçados do samba destaque pela dança. Ala amigos de Guarulhos, maioria dos componentes cantando, ala da bateria também cantou. O diretor de carnaval, Rodrigo Delduque deu seu panorama da evolução em uma semana.

“A análise é positiva. No último ensaio, nós saímos daqui conscientes de que tínhamos algumas coisas a ajustar. Não está perfeito, mas evoluímos bastante em uma semana. Estamos atacando individualmente os pontos que achamos que ainda podem melhorar e tem surtido efeito. Hoje nós saímos daqui muito mais contentes do que na semana passada, e possivelmente sairemos ainda mais contentes no dia do desfile”.

O trabalho da Tucuruvi com o componente tem sido um dos fatores, Delduque explicou: “A Tucuruvi vem já há muitos anos no Grupo Especial, e isso nos ajuda muito. Mas o trabalho em específico com o componente, o trabalho individual com cada ala, e essa pedagogia, esse trabalho teórico também tem ajudado muito com que o componente se sinta, e é dentro da Tucuruvi, muito respeitado e cada vez mais valorizado. É o que o Carnaval pede, o que o Carnaval exige e a Tucuruvi não é diferente disso. Nós mostramos para eles a importância que temos no Carnaval”.

“Graças a Deus que hoje a tecnologia ajuda o sambista. A gente volta para casa com alguns pontos de observação, mas temos esses vídeos, essas transmissões maravilhosas como a de vocês para podermos nos basear e irmos ajustando. Sempre tem alguma coisinha para ajustar”.

Evolução

A evolução foi compacta e bem segura, algumas alas coreografadas ajudaram de modo geral na passagem da escola, inclusive vimos alas seguindo um ritmo coreográfico pré-definido pela diretoria, mas hoje com mais leveza e alegria do que no primeiro ensaio há uma semana. Deu para sentir diretores de harmonias bem preocupados com alinhamento, sempre buscando compactar a agremiação no máximo possível, o que já era bem ajustado, assim foi em todo ensaio. Fechou 56m12 segundos de acordo com o cronômetro do Anhembi que já está funcionando conforme o esperado. Muito do que avaliou Rodrigo Delduque em conversa com o site.

“Conversei bastante com o Ricardo e a Fabi, que são nossos diretores de harmonia. Eles também tinham reconhecido alguns pontos. A nossa evolução dentro da própria evolução. Uma escola bem mais compactada, com uma evolução mais ativa, mais agressiva. Com um canto muito melhor do que vinha, ensaiamos bastante na quadra. Espero que dia 18 tudo isso daí seja multiplicado e possamos sair daqui com o objetivo cumprido”.

O diretor de carnaval, inclusive, fez questão de destacar a evolução como ponto chave no desfile: “A evolução em um modo geral. A evolução nos pontos que achamos que tínhamos que ajustar, e conseguimos sair daqui mais felizes. Eu saio feliz daqui com toda a escola, com toda a organização em todos os setores. Como eu disse, hoje temos os vídeos e as transmissões que nos ajudam a ajustar, mas eu saio feliz, mais do que eu saí da última vez com a escola toda”.

Samba-Enredo

O grande destaque foi Carlos Jr, o intérprete mostrou muita garra desde a concentração e a arrancada, indo junto com cada setor da comunidade do Zaca, claramente bem entrosado com sua nova casa. Pois conduziu o samba de forma muito bem executada, a ala musical foi o ponto alto neste ensaio técnico, levou o samba com muita clareza e ajudando as alas cantarem, quase todos estavam com o samba na ponta da língua. Primeiramente, avaliando a evolução do primeiro para o segundo ensaio, Carlão relatou.

“Melhorou bastante, primeiro que a infra do primeiro ensaio estava sendo montado, o que falo é a estrutura de som. Então percebemos, e mesmo assim fizemos um bom trabalho ali, digo em termos de carro de som, pois quem está no carro de som não sabe como está a escola, não temos a visão. Mas hoje procurei ver um pouquinho, e ver a infra, acredito que a Tucuruvi está preparada para disputar o carnaval. Não vou falar, ser ousado de falar que iremos ganhar o campeonato, pois temos que respeitar as coirmãs, até pelo fato de algumas delas estão há dez, quinze anos preparadas para isso. Estamos nos preparando aos poucos com essa nova diretoria do Delduque e essa oportunidade que o Seo Jamil está dando para ele. Foi através dele que vim aqui e até quando cheguei, achei que não viria para disputar não, achei que iria vir só para passar, ter uma tranquilidade e tals. Mas está no sangue a disputa, vi que a galera, os componentes pegaram a mensagem, e com certeza iremos chegar no dia 18, como diz a música do Zeca, uma criança pegando o leão. Vamos para cima dos leões”.

Toda sua energia no antes, e também durante desfile, que chegou a ajoelhar-se no meio das baianas, cantando o samba, mostrando contato com a comunidade, Carlão explicou: “Sou uma pessoa que não me diverti muito nos últimos anos, fiquei cinco anos estudando, passamos por pandemia, tive uma mudança de escola, pessoal do samba sabe, toda mudança, quando sai da zona de conforto é difícil adaptação, demora um tempo. Mas tive uma recepção muito grande dentro da Tucuruvi, que era inesperado, não sabia que as pessoas gostavam tanto da gente,quando você está em um momento, quase uma depressão, estava em um estágio de depressão. Quando está em um momento assim, o melhor remédio é o carinho, e consegui reconhecer isso e hoje quero servir da melhor forma que puder, possível. Até o fato que se tiver que ficar rouco, pagar por isso, vou pagar”.

Ao comentar sobre o samba de 2023, Carlos Jr ressaltou o estilo ‘diferente’ que muito tem se comentado no meio do carnaval: “É costumeiro no mundo do carnaval, pois o carnaval hoje é grande, São Paulo, Rio, Sul, é comum ter aquilo do melhor samba. Qual o melhor samba do ano, não consigo nunca definir o melhor samba do ano, até porque nasci compondo samba-enredo. Mas tem meu sentimento pelo samba, acredito que tem uns pela linha intelectual poética, muito bonita, e tem sambas que é da malandragem, sou de 1980, então esse samba é de malandro, falando de Bezerra, e eu adoro a malandragem dos anos 80, quando falo malandragem não é coisa de criminoso, falo da malandragem daquele que respeita criança, o adulto, que fala ‘o pai, é o seguinte, sei que você não está certo, mas é meu pai, estamos juntos’. Então esse samba retrata muito isso para mim, cantei muitos sambas durantes anos, que eram sambas de patrocínio, cantei Líbano, Itu, muitos patrocinados, e esse ano cantei uma homenagem, é a primeira vez que canto homenagem. E é o Bezerra, meu pai é fã, não é nem eu, é do meu pai que me ensinou samba, meu irmão me ensinou. Nem sei a discografia do Bezerra, mas sei que era um malandro de fato que ajudou muita gente nos morros, periferias, quebradas, tem história na Barra Funda, onde comecei, uma história de felicidade e tristeza na família, tem a religiosidade que é uma coisa que me pega muito”.

Destaco um momento que a ala musical e bateria fazem um arranjo na hora que cantam ‘Brasil’, uma referência clara a música ‘aquarela do Brasil’, ficou muito bem feita, um dos pontos altos do samba.

Outros destaques

A Bateria do Zaca comandada pelo Mestre Serginho mostrou mais ousadia, arriscou bossas, no recuo mesmo teve um momento no refrão e retornou ‘nos morros, diversos talentos’, que já era previsto, mas analisando contexto geral, empolgou na condução do samba e funcionou com o novo ritmo implantado. Auxiliou de uma maneira mais próxima com o samba de Bezerra da Silva, que envolve toda a malandragem.

“Hoje a gente fez mais um pouquinho de bossas que estamos acostumados a fazer. Não foi muita coisa, mas foi um tempero a mais. No recuo foi a mesma quantidade de sempre. Acredito que a escola estava melhor. O que eu estranhei muito é que no recuo tinha um eco muito grande”.

Em outro momento falou sobre o sistema de som que tem sido relatado pelos profissionais do carnaval: “A diferença que eu senti é que o som estava mais alto. No primeiro estava mais baixo. Acho que a bateria estava mais valente do que semana passada, principalmente no segundo setor, onde deu uma tranquilizada, mas agora melhorou. Não tem o que falar. A molecada faz um trabalho muito bom”.

Vale destacar a ala das passistas que tem o samba no pé, muito entrosamento nesta ala. Também vemos muita conexão com Bezerra da Silva nas camisas das alas, componentes, também referências em espaço de alegorias, integrantes, seja com a boina, óculos, estilo malandro. Ou seja, a escola vestiu mesmo o seu enredo, e irá para a avenida com muitas referências ao homenageado, inclusive, o filho do mesmo, Ítalo tem marcado presença, sempre muito intenso nos ensaios da escola, está bem entrosado e feliz com o resultado.

Fonte: Carnavalesco.com.br

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