Enquanto a CPI investiga, Virgínia Fonseca e Zé Felipe blindam patrimônio

Nos últimos dias, ganhou força na internet uma onda de especulações envolvendo o casal Virgínia Fonseca e Zé Felipe. Os rumores sugerem que os dois poderiam estar se separando não por questões afetivas, mas por uma possível estratégia de blindagem patrimonial — justamente no momento em que a CPI das Bets investiga relações suspeitas entre influenciadores, artistas e casas de apostas.

O burburinho não é inédito. Recorde-se, caro leitor, de quando, há algum tempo, outro ícone do sertanejo, Gusttavo Lima, surpreendeu ao anunciar o divórcio, o que também gerou teorias sobre uma possível motivação patrimonial. Mas deixemos o passado e voltemos ao caso que agora mobiliza os holofotes.

Existe lógica jurídica nessa especulação? Sim, há fundamentos técnicos que podem explicar o raciocínio que circula nas redes sociais.

Como advogado e especialista em direito de família e patrimonial, convido você à seguinte reflexão: por que, neste contexto, a separação seria considerada uma “estratégia” plausível?

O primeiro motivo é cristalino: a proteção do patrimônio. A CPI das Bets está apurando possíveis condutas irregulares de casas de apostas, incluindo o pagamento de vultosas quantias a influenciadores e artistas, sob suspeita de envolvimento com publicidade enganosa ou até mesmo lavagem de dinheiro.

Em casos assim, aqueles que receberam valores significativos podem ser alvos de investigações, bloqueios de bens e medidas judiciais cautelares.

Pois bem: quando um casal permanece formalmente unido, seus bens — dependendo do regime de bens adotado — formam um patrimônio comum. No Brasil, o regime mais comum é o de comunhão parcial de bens, em que todos os bens adquiridos após o casamento são partilhados. Assim, se um dos cônjuges for acionado judicialmente, o patrimônio do outro pode ser afetado.

Aqui, surge o chamado “mecanismo de blindagem legal”: uma separação formal pode resguardar parte do patrimônio sob a titularidade exclusiva de quem não está na mira das autoridades, dificultando bloqueios ou execuções.

Para ilustrar: suponha que Virgínia Fonseca seja investigada, mas, com a separação, imóveis, veículos e investimentos fiquem em nome exclusivo de Zé Felipe. Formalizada a separação, e não havendo indícios claros de fraude, o patrimônio dele poderia, em tese, estar protegido de bloqueios relacionados às investigações contra ela.

Importante pontuar, contudo, que essa separação pode ser meramente jurídica, sem implicar uma efetiva ruptura da relação afetiva. Trata-se do que, no meio jurídico, chamamos de “separação estratégica”, expediente já utilizado por outros empresários e celebridades em momentos de crise.

Como explicou à nossa coluna um dos especialistas consultados:

“Separações assim são, muitas vezes, apenas jurídicas. O casal mantém a convivência, mas promove uma reorganização patrimonial para reduzir riscos.”

Outro aspecto que se impõe nesse debate é o da gestão de imagem. Em meio ao avanço da CPI das Bets, uma separação poderia — ainda que temporariamente — mitigar danos à reputação e aos negócios do casal. Virgínia Fonseca, vale lembrar, comanda empresas milionárias e possui contratos com marcas que podem prezar pela preservação de uma imagem ilibada. Para Zé Felipe, cantor de destaque, o raciocínio é semelhante: afastar-se formalmente poderia protegê-lo de ser arrastado pelo vendaval midiático.

Mas, afinal, essa estratégia é infalível? A resposta, como quase tudo no Direito, é: depende.

A Justiça brasileira dispõe de instrumentos robustos para coibir o chamado “abuso de forma”, quando atos jurídicos são praticados para burlar a lei ou fraudar credores. Entre esses instrumentos, destaca-se a desconsideração da personalidade jurídica, que permite ao Judiciário ultrapassar formalidades e atingir bens que, na prática, continuam vinculados ao casal, mesmo que a separação tenha sido formalizada.

Além disso, eventual fraude contra credores pode ser anulada judicialmente, com base nos princípios da boa-fé objetiva e da função social do Direito.

Outro ponto sensível é o regime de bens do casamento de Virgínia Fonseca e Zé Felipe — informação que, até o momento, não é de conhecimento público. Se adotaram, por exemplo, o regime de separação total, a necessidade de uma separação formal para fins de blindagem patrimonial seria reduzida, já que cada um já possui seu patrimônio individualizado.

Em síntese, caro leitor: a separação pode, sim, ser uma ferramenta jurídica para proteção patrimonial e de imagem, especialmente em tempos de investigação como os que se desenrolam na CPI das Bets.

Contudo, trata-se de uma estratégia que comporta riscos e não garante blindagem absoluta, uma vez que o Poder Judiciário pode desconstituir a separação caso a entenda como fraude.

Por ora, o que existe é especulação. Mas a lógica jurídica que embasa tais rumores é real, complexa e já foi posta à prova em outras situações envolvendo personalidades públicas.

Seguimos acompanhando os desdobramentos, sempre com o compromisso de trazer informação qualificada para a sua reflexão.

Foto: Divulgação

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