Quando o empresário brasileiro, José Paulo Pereira Silva, recebeu o diagnóstico do autismo do seu filho, Paulo Henrique, então com 3 anos, sua vida deu uma reviravolta.
Nascido e criado na capital paulista, José Paulo administrava as 25 empresas do Grupo Ideal Trends, fundado por ele em 1995, registrando crescimento de até 50% ao ano. A sede do grupo, no bairro Santo Amaro, era onde passava a maior parte do seu dia, entre reuniões estratégicas, treinamento de equipes e tomadas de decisão.
Porém, a vida agitada de empresário entrou em cheque quando a família necessitou de mais atenção e cuidado. “Eu tive que tomar uma decisão, e o que pesou foi o amor pela minha família. Deixei de lado o José Paulo empresário e pensei em como um pai deve se portar nessa situação. A família vem antes do trabalho, e por isso cabe todo e qualquer esforço”, defende.
Paulo Henrique foi diagnosticado com autismo moderado, considerado o nível 2 do transtorno, no qual a criança tem dificuldade acentuada com a comunicação verbal e não verbal, tem habilidades sociais limitadas, indicando necessidade moderada de apoio para realizar as chamadas atividades da vida diária (AVDs), como comer, trocar de roupas ou tomar banho.
Uma vez diagnosticado, o autista e sua família enfrentam mais uma barreira: a busca pelo tratamento. As dificuldades residem, sobretudo, na falta de profissionais preparados para lidar com o transtorno. O Brasil carece de estudos e dados sobre o autismo, e utiliza as informações do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), agência reguladora americana, como base para compreender a prevalência do Transtorno do Espectro Autista (TEA), evidenciando a falta de clareza, de informação e conhecimento sobre o assunto.
O resultado para a família de José Paulo foi buscar tratamento fora do país. Em 2018, ele e a esposa, Roseli Pereira, resolveram, então, mudar-se com os três filhos para os Estados Unidos, onde há muitas pesquisas e desenvolvimento de tratamentos para pessoas com autismo. Além disso, psicólogos, especialistas em análise do comportamento, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, assim como os exames excludentes, são todos serviços subsidiados pelo governo.
Mas ao chegar no novo país, a família travou novas batalhas: as barreiras com o idioma, o preconceito que os americanos têm com brasileiros, a jornada intensa pela procura de médicos e tratamentos que mais se adequavam ao caso do filho. Nesse momento, a união familiar e o trabalho dedicado de sua esposa, segundo José Paulo, foram determinantes para que o filho evoluísse do autismo moderado para leve, que é o grau que está agora, com 6 anos.
“Minha esposa teve que tomar uma decisão de parar com a carreira executiva, para poder se dedicar 100% como terapeuta do filho. Ela trabalha 14 horas por dia no processo de tratamento dele, porque entendemos que terapia e medicação são importantes, mas a conexão dos pais, o amor e o cuidado diário é o que faz a diferença na evolução das crianças autistas. E com o trabalho incrível dela e dos profissionais que o acompanham, eu tenho certeza que o Paulo Henrique logo sairá do espectro”, conta José Paulo.
Há ainda muita discussão tanto na classe médica como entre os pacientes e suas famílias sobre a possível cura do autismo. Segundo estudo publicado pela AMA (Associação de Amigos do Autista) em 2021, ainda não há uma cura para o TEA (Transtorno de Espectro Autista). No entanto, intervenções psicossociais baseadas em evidências, como terapia comportamental e programas de treinamento para pais e outros cuidadores, podem reduzir as dificuldades de comunicação, desenvolver o comportamento social e trazer um impacto positivo na qualidade de vida e bem-estar da pessoa.
Para o empresário e a família, a reversão dos sintomas do autismo são, sim, possíveis, por meio da fé e da ciência, tratando as principais comorbidades relacionadas ao transtorno e garantindo intervenções e estímulos, para que eles se desenvolvam e sejam autônomos e independentes.
E para compartilhar com as famílias tudo que eles vivenciam no tratamento do filho nos Estados Unidos, o casal criou o projeto “Autism Evolve”, liderado por Roseli Pereira, que oferece muitas informações sobre autismo através de um perfil no Instagram e um canal no YouTube. De mãe a terapeuta, Roseli também está escrevendo o primeiro livro da trilogia “A Cidade dos Autistas”, que lançará em breve, para mostrar às pessoas um mundo sob a ótica de um autista.
“Ser pai do Paulo Henrique é um presente e uma missão na minha vida. Eu acredito na cura do autismo. A fé pode nos curar de qualquer doença. E a ciência nos mostra dia após dia que é possível ter grandes progressos e até sair do espectro. Mas o que faz realmente a diferença é o vínculo, o amor e a conexão dos pais”, conclui.
Mesmo com a dedicação no tratamento do filho, José Paulo não deixou a vida de empresário de lado e, inclusive, expandiu os negócios nos Estados Unidos. Hoje, além das 25 empresas no Brasil, que ele dirige remotamente, ele abriu mais cinco negócios na terra do Tio Sam, nas áreas de ensino de idiomas, construção civil e real estate.
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