A preparação para um carnaval começa sempre um pouco depois da Quarta-Feira de Cinzas. Equipes são desfeitas e remontadas. O troca-troca dos carnavalescos é sempre um frisson. Assim é desde quando se tem lembrança no mundo do samba.
Os momentos que sucedem essas mudanças de equipe são de muita tensão para os apaixonados. Os rumores dos enredos inflamam a criatividade dos sambistas que ao menor sinal possível veem dicas e charadas que levam ao tema que as escolas vão abordar no carnaval seguinte.
Aqui no Brasil, cinco escolas do Grupo Especial do Rio de Janeiro já divulgaram seus enredos.
Recém-chegada no grupo especial, depois de 12 anos no acesso, a Unidos do Porto da Pedra foi a primeira a revelar seu enredo para o mundo do samba. De autoria do carnavalesco Mauro Quintaes e do enredista Diego Araújo, Lunário Perpétuo – A profética do saber popular é o enredo que a escola de São Gonçalo vai levar para a Avenida Marquês de Sapucaí no próximo ano.
Um pequeno trecho da sinopse nos conta um pouca da história: “Diversos saberes foram transcritos ao longo dos séculos e formaram o “Lunário Perpétuo”, publicado em 1594 pelo astrônomo e naturalista espanhol Jerónimo Cortés. O pequeno livreto do velho continente aconselhou e orientou a respeito de diversos assuntos que auxiliaram homens e mulheres de forma mística, cultural e socialmente.
O lunário viajou o mundo, compilou outros saberes, foi proibido, se refez, e aqui no Brasil desembarcou no final do século XIX com tradução de Antônio da Silva de Brito. Lá pelas bandas do Sertão tornou-se objeto precioso e segundo Câmara Cascudo (2001. p. 534) “foi durante dois séculos o livro mais lido nos sertões do nordeste, informador de ciências complicadas […]. Não existia autoridade maior […].”
Numa mistura de ciência e cordel, podemos esperar uma Porto da Pedra com um enredo muito interessante. Mauro Quintaes retorna à elite do carnaval carioca, seu último desfile tinha sido em 2017, pela Unidos da Tijuca.
A segunda escola a anunciar seu enredo foi a Acadêmicos do Salgueiro.
Lançado no aniversário dos 70 anos da escola, o enredo “Hutukara” trará uma homenagem ao Povo Yanomami. A sinopse será divulgada no próximo mês e teremos mais detalhes do que tratará a Vermelho e Branco Tijucana. O enredo é assinado pelo Carnavalesco Edson Pereira e o enredista Igor Ricardo. que foi anunciado nesse ano na equipe salgueirense.
A terceira escola a divulgar seu tema para 2024 foi a Estação Primeira de Mangueira.
O lançamento oficial do enredo será no aniversário de 95 anos da escola no próximo mês. Mas já sabemos que será sobre uma grande mangueirense: a cantora Alcione. Annik Salmon e Guilherme Estevão, que vão para o segundo ano à frente da verde e rosa, assinam o enredo.
No último dia 21 de março, a quarta escola a anunciar foi a campeã do carnaval, a Imperatriz Leopoldinense. “Com a sorte virada pra lua segundo o testamento da cigana Esmeralda” foi pensado e desenvolvido pelo carnavalesco Leandro Vieira.
O enredo é debruçado de forma livre num pequeno folheto sobre o achado do testamento da cigana Bruges de Esmeralda. O folheto, escrito há mais de cem anos, é assinado por Leandro Gomes de Barros. Na narrativa fictícia, o testamento foi trazido para o Brasil no interior de um barril por um grupo de ciganos. A escola não divulgou a sinopse assim não sabemos ao certo por qual o caminho seguirá o autor.
Mais uma vez, Leandro brindará o mundo do samba com um devaneio carnavalesco. A caminho de seu 3º ano à frente da escola de samba de Ramos, ele parece seguir, mesmo que sem querer, uma fórmula de sucesso usada pela carnavalesca Rosa Magalhães, 5 vezes campeã na agremiação: histórias pitorescas, dos fundos dos livros de história esquecidos nas bibliotecas, detalhes dos entrelaces da vida. Sorte nossa que podemos dividir o mesmo tempo que o artista e acompanhar de perto os seus processos de criação.
A quinta divulgação de enredo veio da escola de samba Grande Rio. De autoria dos carnavalescos campeões em 2022, Gabriel Haddad e Leonardo Bora, a verde e vermelho de Caxias trará: “Nosso destino é ser onça”.
A partir do livro escrito por Alberto Mussa, a escola propõe uma reflexão sobre a simbologia da onça no cenário artístico-cultural brasileiro, falando de assuntos como antropofagia e encantaria. Assim como os demais, não foi divulgada a sinopse, porém, podemos esperar, sem dúvidas, mais uma grande narrativa por parte da dupla.
Ainda restam sete escolas, façam suas apostas e aguentem a ansiedade. Em breve, voltaremos com mais histórias que “ganharão” vida na Avenida Marquês de Sapucaí!
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