A perícia realizada no apartamento de Zé Celso Martinez, que morreu aos 86 anos após sofrer queimaduras em um incêndio ocorrido na madrugada de terça-feira (4), reforça a tese de que o fogo começou em um aquecedor no quarto do dramaturgo. O laudo pericial produzido pelo Instituto de Criminalística da Secretaria de Segurança Pública paulista exibe fotos do equipamento e da destruição provocada pelas chamas.
As imagens mostram que o revestimento das paredes do quarto de Zé Celso se desfez por causa do fogo. O perito responsável pela análise, Fábio André Massa, destacou que o fogo “danificou diversos materiais, objetos e mobiliário que se encontravam no interior do imóvel, bem como as superfícies das paredes e tetos, tanto pela ação direta das chamas quanto pela propagação de fumaça e fuligem”.
Massa pontua no documento de 11 páginas que “não foi possível precisar a causa do evento, porém a análise dos elementos técnicos-materiais coligidos no local levaram o relator a admitir como viável a possibilidade de o incêndio ter iniciado em virtude do contato entre um corpo de capacidade ígnea (aquecedor), com materiais de fácil combustão que ali existiam (tecido, espuma, madeira etc.)”.
O apartamento onde Zé Celso morava fica no sexto andar de um prédio da Rua Achiles Masetti, na Vila Mariana, Zona Sul da capital paulista. Ele era vizinho do marido, o diretor Marcelo Drummond, que sofreu queimaduras nos dedos e inalou fumaça ao resgatar Zé Celso do local. Os dois apartamentos são os únicos daquele andar, que permanece interditado. As demais áreas do prédio estão liberadas para uso.
![Laudo Mostra Destruição No Apartamento De Zé Celso Após Incêndio 1 Zé Celso](https://egobrazil.ig.com.br/wp-content/uploads/2023/07/Morre-o-dramaturgo-Ze-Celso-aos-86-anos-apos-sofrer.png)
Parte do acervo de manuscritos do dramaturgo foi consumida pelo fogo durante o incêndio, mas toda sua obra teatral e parcela significativa de seu trabalho artístico já haviam sido digitalizadas.
No boletim ocorrência registrado no 36° Distrito Policial (DP) da Vila Mariana, familiares de Zé Celso relataram que o aquecedor no quarto do dramaturgo já havia provocado outro princípio de incêndio, há dois ou três anos. Na ocasião, porém, o fogo foi rapidamente contido.
O velório de Zé Celso atravessou a madrugada desta quinta-feira no Teatro Oficina, fundado pelo dramaturgo e que se transformou em um símbolo do teatro paulistano. Seu corpo será cremado em Itapecerica da Serra, na região metropolitana de São Paulo.
Foto: Garapa Coletivo/Wikimedia Commons