Os Cabelos e o Outubro Rosa
Símbolo de feminilidade, tratamentos como quimioterapia e radioterapia para o câncer de mama podem causar a perda dos fios. No entanto, é possível recuperá-los com fotobiomodulação.
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Médico vascular e angiologista fala sobre a técnica de recuperação dos cabelos, enquanto psicóloga clínica ressalta o resgate da felicidade ao vê-los crescer novamente.
No tratamento do câncer de mama, muitas mulheres passam por quimioterapia e radioterapia. A quimioterapia, em especial, envolve diversos medicamentos e protocolos, variando conforme o tipo histológico do tumor, o estágio da doença, entre outros fatores. Alguns desses tratamentos causam, sim, a queda de cabelo, que geralmente ocorre logo após as primeiras sessões, afetando também sobrancelhas e cílios.
“A perda de cabelo durante a quimioterapia é bastante marcante. É incômoda porque a pessoa já está lidando com a doença e o medo associado a ela, além de apresentar uma aparência típica de quem está em tratamento quimioterápico”, comenta o médico angiologista e vascular Dr. Álvaro Pereira.
De acordo com o especialista em fotobiomodulação, o uso de capacetes ou bonés de LED ou laser pode acelerar o crescimento do cabelo. “Esses dispositivos são muito úteis hoje em dia, pois os tratamentos são mais simples e podem ser realizados em casa, uma ou duas vezes por dia. O boné é um exemplo típico de tratamento por fotobiomodulação que acelera a recuperação dos fios. Esses aparelhos utilizam luz vermelha, com comprimentos de onda de 620, 630 e 660 nanômetros. Não é necessário o uso de infravermelho para tratar a queda de cabelo causada pela quimioterapia”, explica o médico.
O paciente deve utilizar o dispositivo uma ou duas vezes por dia; mais que isso não trará benefícios adicionais. O ideal é começar o uso logo após o término da quimioterapia, um ou dois dias depois da última sessão. “Não adianta usar no meio do tratamento, pois os fios vão cair de qualquer forma. O ideal é iniciar a fotobiomodulação após o fim da quimioterapia”, orienta o Dr. Pereira.
Além de acelerar o crescimento dos fios, a LEDterapia também ajuda a restaurar a forma natural do cabelo. Após o tratamento, os cabelos podem crescer com uma textura diferente. “Por exemplo, uma pessoa com cabelo liso pode ver seus fios voltarem ondulados, já que as células capilares ainda estão se readaptando após os tratamentos”, explica o especialista.
Cabelo, emocional e autoestima
A psicóloga clínica junguiana Denise Diegues Impastari destaca que a perda de cabelo afeta não só fisicamente, mas também psicologicamente e socialmente, pois os cabelos são um símbolo de feminilidade. Eles fazem parte da autoimagem da mulher, promovendo uma sensação de pertencimento. Quando ocorre a queda dos fios, há uma sensação de perda de identidade, invasão, exposição e até humilhação.
“Já acompanhei pacientes com câncer de mama que, após o diagnóstico, se sentem mais abaladas pela perda iminente do cabelo do que pelo próprio tratamento da doença. Quando os fios começam a cair em chumaços, muitas preferem raspar a cabeça para evitar o processo gradual de perda. Esse momento gera uma sensação intensa de desespero. No entanto, quando os cabelos começam a crescer novamente, percebemos uma felicidade e uma renovação em muitas delas”, diz Denise. Ela acrescenta: “O renascimento dos fios simboliza um renascimento para essas mulheres, ativando um processo interno de superação de tudo o que enfrentaram, especialmente quando acompanhado de um trabalho emocional importante.”
Dr. Álvaro Pereira – Angiologista formado pela FMUSP em 1978, com residência em Cirurgia Vascular no HCFMUSP, doutorado em Cirurgia Vascular pela Divisão de Bioengenharia do INCOR-HCFMUSP, e pós-doutorado no B&H Hospital – Harvard.
Denise Diegues Impastari – Psicoterapeuta e psicóloga clínica, com pós-graduação em Psicologia Analítica pela Universidade São Francisco e pelo Departamento de Psiquiatria e Psicologia Médica da Santa Casa. É autora de livros, palestrante em sua área e colaboradora de revistas, jornais, programas de rádio e TV.