A CineOP – Mostra de Cinema de Ouro Preto celebra duas décadas de trajetória e está consolidada como o único evento do país voltado à preservação, história e educação. A 20ª edição acontece de 25 a 30 de junho, na cidade histórica de Ouro Preto (MG), Patrimônio Cultural da Humanidade, reafirmando seu compromisso com a salvaguarda do patrimônio audiovisual como pilar de memória, cidadania e transformação social.
Com programação gratuita, presencial e online, a CineOP promove uma conexão entre passado, presente e futuro, tendo o cinema brasileiro como eixo de reflexão crítica e fortalecimento democrático. Os espaços que receberão o público em Ouro Preto incluem a Praça Tiradentes, o Centro de Artes e Convenções da UFOP e o Cine-Museu da Inconfidência. No ambiente digital, parte das sessões e atividades poderá ser acompanhada pela plataforma www.cineop.com.br.
Ao longo de seis dias, o público poderá assistir a 144 filmes (30 longas, 1 média e 116 curtas-metragens), produzidos em 10 estados brasileiros (MG, RJ, SP, PE, CE, ES, BA, AM, PR, RN) e 5 países (Brasil, Argentina, Colômbia, Chile e Estados Unidos). As exibições estão organizadas em 12 mostras: Histórica, Competitiva, Contemporânea Longas, Contemporânea Curtas, Educação, Valores, TV UFOP, Preservação, Mostrinha, Cine-Escola, Cine Concerto e Itaú Cultural Play.
A sessão de abertura, no dia 26/6, às 19h30 na Praça Tiradentes, exibe curtas emblemáticos como “A Mulher Fatal Encontra o Homem Ideal” (Carla Camurati), “A Origem dos Bebês Segundo Kiki Cavalcanti” (Anna Muylaert) e “A Má Criada” (Sung Sfai). Entre filmes programados na Mostra Histórica e Preservação, está “A Mulher de Todos” (Rogério Sganzerla, 1969), em cópia restaurada, com todo seu humor tropicalista e atuação marcante de Helena Ignez.
Temática histórica: o humor das mulheres no cinema brasileiro.
A 20ª CineOP propõe uma reflexão sobre o papel do humor no cinema brasileiro a partir da perspectiva das mulheres, destacando suas trajetórias tanto na atuação quanto nos bastidores das produções. Em um campo historicamente dominado por homens, as mulheres enfrentaram diversos desafios para ocupar esse espaço e transformar a linguagem cômica em uma poderosa ferramenta de resistência, subversão de estereótipos e ampliação das possibilidades narrativas. A mostra evidencia a evolução que permitiu às artistas não apenas interpretar, mas também criar suas próprias narrativas cômicas com autonomia e inovação. Para os curadores Cleber Eduardo e Juliana Gusman, o humor feminino é uma expressão criativa que desafia normas de gênero e promove reflexão crítica e transformação social.
Homenagem à atriz Marisa Orth.
Ícone do humor brasileiro, reconhecida pela versatilidade e por personagens que criticam ironicamente as representações femininas no audiovisual. Carreira multifacetada, transita entre o cômico e dramático, televisão, teatro e cinema. Para o curador Cleber Eduardo, Marisa sintetiza a elasticidade e força do humor feminino no audiovisual brasileiro.
Na temática da preservação, a 20ª CineOP reafirma seu pioneirismo como espaço de reflexão, articulação e visibilidade para as práticas e os profissionais da preservação audiovisual brasileira. Destaca a urgência de enfrentar os desafios contemporâneos da área, como a adoção de novas tecnologias, o fortalecimento de políticas públicas e a ampliação do acesso aos acervos. A curadoria enfatiza a pluralidade e a complexidade do campo da preservação, valorizando o trabalho técnico, artístico e político das instituições e agentes que atuam, muitas vezes nos bastidores, para garantir a salvaguarda da memória audiovisual do país. Ao promover a circulação de filmes do passado para novos públicos, a CineOP reforça seu papel como elo entre a história do cinema e os debates atuais sobre identidade, cultura e pertencimento.
Como parte das comemorações pelos 20 anos da CineOP, a mostra cria o Prêmio Preservação, voltado a reconhecer iniciativas e trajetórias de destaque na salvaguarda do patrimônio audiovisual brasileiro. Em sua primeira edição, o prêmio será concedido ao professor João Luiz Vieira, referência nacional na área, por sua atuação incansável na formação de profissionais, no fortalecimento de redes colaborativas e na defesa de políticas públicas para a preservação audiovisual. Coordenador do LUPA – Laboratório Universitário de Preservação Audiovisual, pioneiro na valorização de acervos amadores e regionais, e integrante ativo da Rede Universitária de Acervos Audiovisuais (RUAAv), João Luiz Vieira é homenageado por sua contribuição fundamental à consolidação de uma cultura de preservação no Brasil.
Na temática da educação, a 20ª CineOP propõe um amplo debate sobre o uso dos acervos audiovisuais como ferramentas pedagógicas e lugares de memória fundamentais para a construção do conhecimento. A mostra destaca a importância dos acervos pessoais, familiares, escolares e de cineastas como fontes vivas para práticas educativas que promovem diversidade, inclusão e múltiplas vozes — especialmente de mulheres, povos indígenas, população negra e LGBTQIA+. Mais do que exibir filmes, a proposta é trabalhá-los em sala de aula com curadoria e metodologias que estimulem a reflexão crítica e o diálogo. A CineOP também reforça a defesa de políticas públicas que garantam o acesso aos acervos e a efetiva implementação da Lei 13.006/2014, que estabelece a obrigatoriedade da exibição de obras do cinema brasileiro nas escolas.
Também dentro das homenagens aos 20 anos da CineOP, será concedido o Prêmio Cinema e Educação à socióloga e educadora Maria Angélica Santos, em reconhecimento à sua trajetória marcada pelo compromisso com a formação de uma geração crítica e criativa por meio do cinema nas escolas. Referência nacional na área da alfabetização audiovisual, Maria Angélica coordenou o Programa de Alfabetização Audiovisual da Cinemateca Capitólio, em Porto Alegre, e é membro ativo do GT Cinema-Escola, grupo que atua na formulação de políticas públicas para garantir o acesso ao cinema no ambiente escolar. Sua atuação inclui ainda a participação em debates fundamentais sobre a implementação da Lei 13.006/2014 e sobre a construção do Plano Nacional de Cinema na Escola, contribuindo de forma decisiva para consolidar o cinema como linguagem e ferramenta pedagógica.
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