Transa no Festival de Verão de Salvador poderia ter sido o show no lugar certo – afinal, Caetano Veloso criou o lendário disco depois de uma rápida visita à Bahia durante seu exilio em Londres -, mas no horário errado.
Caetano entrou no palco do Festival por volta das 0h30. Logo após o apoteótico show de Leo Santana, o rei do pagodão baiano.
+ Caetano Veloso e Maria Bethânia emocionam 60 mil fãs em Belo Horizonte com show inesquecível
O disco Transa é oposto do clima de festa de Santana. É introspectivo, nostálgico e roça na melancolia.
Mas Caetano é Caetano. Sobretudo na sua Bahia. Impôs o ‘silêncio’ necessário para que o festival ouvisse músicas como You don’t know me, Maria Bethânia e It’s a long way. Todas as músicas do roteiro foram cantadas pelo público. Até mesmo The Empty Boat, que nem de Transa é.
Caetano seguiu à risca o roteiro que havia apresentado no Rio de Janeiro e em São Paulo. Resistiu à tentação de incluir qualquer um de seus sucessos para agradar um público de um festival que, no mesmo dia, assistiu a apresentações de Glória Groove e Thiaguinho.
Embora seja simbólico ver Caetano relembrar Transa. Também pela presença de músicos que tocaram na gravação do LP em 1972, Jards Macalé, Tutty Moreno e Aureo de Souza – o baixista Moacyr Albuquerque morreu em 2020.
No entanto, o show Transa, que Caetano havia jurado que não faria mais – ele foi concebido para uma única apresentação no festival Doce Maravilha, em 2023 – parece não agradar ou alegrar tanto Caetano. Por isso, exita em transformá-lo em turnê. Caetano tem lá suas razões.