Ela cresceu entre violões afinados, letras explicadas pelo pai e ensaios musicais do irmão mais velho. Filha do compositor Alírio Moraes e irmã do cantor André Rio, Carla Rio carrega o DNA da música pernambucana. Mas foi apenas após se formar em Direito que reencontrou sua verdadeira essência nos palcos.
“Quando comecei a ganhar dinheiro com a advocacia, achei que ia me aquietar”, brinca. “Mas a essência da gente sempre fala mais alto.” E foi assim, com uma ligação inesperada do irmão a convidando para uma turnê pela Europa, que tudo mudou. “Ele perguntou se meu passaporte estava em dia e me escalou para a Viva Pernambuco. Aceitei na hora! Passamos um mês mostrando nossos ritmos. Foi a minha virada de chave.”
Desde então, Carla passou a espalhar seu samba arretado pelo Brasil e pelo mundo. Mas o que torna esse samba tão único?
“Talvez o sotaque… e também a influência dos ritmos nordestinos que sempre ouvi, como o coco de roda, o maracatu, o afoxé. Gosto de brincar com esses sons e criar algo com a minha identidade”, explica. “O samba é do Brasil, o que muda é o sotaque de região pra região.”
Uma das músicas que traduzem bem essa personalidade é “Não Troco, Nem Dou”, parceria com Dudu Nobre e Alceu Maia. A faixa fala de superação, empoderamento e coragem para não aceitar migalhas — nem na vida, nem no amor. “O samba sempre foi um ambiente muito machista. Por isso admiro tanto mulheres como Dona Ivone Lara, Leci Brandão, Clementina… Elas abriram caminho pra gente”, diz Carla.
Com o projeto Encontro de Ritmos, a cantora reafirma sua versatilidade, misturando samba, forró, frevo e coco com arranjos genuinamente pernambucanos. “É a minha verdade. Cresci ouvindo tudo isso. No São João, por exemplo, a gente acende fogueira às 18h, faz canjica, pamonha, e ainda dança quadrilha com a família.”
Durante o São João do Recife Antigo, Carla emocionou o público com um show em homenagem ao “Rei do Ritmo”, Jackson do Pandeiro. “É fundamental apresentar esses ícones às novas gerações. Um povo que não valoriza sua cultura está fadado ao apagamento.”
Outro momento marcante foi o lançamento de “Samba, Meu Recife”, uma homenagem ao bairro de São José, onde cresceu. O clipe contou com a participação especial da escola de samba Gigante do Samba. “Foi um presente do meu irmão. Gravamos com a escola e transmitimos toda a alegria que vivíamos ali. Foi emocionante.”
Mas não é só no Brasil que Carla encanta. Presença constante na turnê Viva Pernambuco, ela já se apresentou em países como Alemanha, Áustria e República Tcheca. “O público internacional ama nossos ritmos. E a surpresa é que eles também amam maracatu, forró, coco de roda. Já encontrei grupos de maracatu até em Brno!”, conta empolgada.
E o que vem por aí?
“Já estou de malas prontas para a Europa, e no segundo semestre sigo para o Sudeste. Vem música nova, nova parceria com Alceu Maia e muitos shows. Muita coisa boa vindo!”
Com força, carisma e uma voz que carrega toda a alma de Pernambuco, Carla Rio mostra que o samba também tem sotaque — e que, quando cantado com verdade, atravessa fronteiras.
*As informações contidas neste texto são de responsabilidade dos colunistas e não expressam necessariamente a opinião deste portal.
**É expressamente proibido cópia, reprodução parcial, reprografia, fotocópia ou qualquer forma de extração de informações do site EGOBrazil sem prévia autorização por escrito, mesmo citando a fonte. Cabível de processo jurídico por cópia e uso indevido, esse conteúdo pode conter IA.
Fique por dentro!
Para ficar por dentro de tudo sobre o universo dos famosos e do entretenimento siga o EGOBrazil no Instagram.