O ex-jogador e comentarista de futebol Walter Casagrande Jr. com 59 anos, e mais de quatro décadas de ativismo político, continua resistindo à nominada “era dos cancelamentos” nas redes sociais. Ele é um dos principais e ferrenhos críticos do atual governo do Brasil e não diminui o tom mesmo ao falar com núcleos de forte apoio ao presidente Jair Bolsonaro (PL), seja no setor esportivo, até mesmo ao evangélico.
O comentarista da Globo não possui uma receita pronta para dar sua opiniões e expor sua visão sem ter que, logo depois, publicar um vídeo pedindo desculpas. Ele mantém até hoje um dos valores que foi determinante até no nome de um dos principais movimentos que integrou como líder dentro do Corinthians. Se trata do respeito à democracia.
O documentário Casão – Num Jogo Sem Regras, da Globoplay, fica muito claro que o futebolista também é craque quando o assunto é o jogo da democracia. Respaldando isso, ele começou sua militância no período da Ditadura Militar (1964 a 1985), época em que o “cancelamento” não se tratava simplesmente de uma expressão qualquer.
Casagrande enfrentou muita censura no passado, que era muito mais árdua do que a econômica denunciada recentemente por um grupo de influenciadores, juntando figuras da internet como Luísa Sonza a Deolane Bezerra. O ato de ser silenciado na época não doía somente no bolso, mas também no corpo e na alma.
O ponto central da questão é que, em um país de memória curta, o ex-jogador faz questão de na TV aberta às onze da manhã que nós devemos ter “ódio e nojo” de qualquer aceno antidemocrático, parafraseando o dito de Ulysses Guimarães (1916-1992).
A liberdade de expressão dentro de democracias tem como exemplo claro e relevante a atuação de Casagrande, seja na televisão ou em seus perfis pessoais nas redes sociais. Ele não poupou palavras nem se absteve em participação no Encontro ao criticar publicamente o posicionamento de Bolsonaro diante do desaparecimento na Amazônia do jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira.