Neurologista Dra. Juliana Dias aponta ainda os principais sinais físicos de quem passa pelo problema.
Nos últimos tempos, diversas celebridades vêm relatando suas crises de ansiedade nas redes sociais, dentre elas Wesley Safadão, Tatá Werneck, Gabi Martins, Lucas Lucco e Justin Bieber. Eles apontam os momentos de fragilidade emocional, chamando a atenção dos seguidores para os efeitos do estresse, da superexposição e da pressão pela performance.
Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 9,3% da população brasileira apresenta algum tipo de transtorno de ansiedade. Ou seja, são aproximadamente 18,6 milhões de pessoas somente em território nacional. Isso traz um alerta: quais são os sintomas físicos e como procede o tratamento nesses casos?
Durante uma crise de ansiedade, o cérebro reage como se você estivesse diante de um perigo real — mesmo que não haja ameaça. Primeiramente, a amígdala, parte do cérebro que detecta ameaças, dispara um alarme dizendo: “Perigo!”. Isso acontece mesmo sem motivo claro. E é esse alarme que acaba ativando o sistema de “luta ou fuga”, fazendo o coração acelerar, a respiração ficar ofegante, e o corpo tremer ou suar. “É como se você estivesse se preparando para correr ou se defender.”, explica a neurologista Dra. Juliana Dias, profissional que atua com foco no cuidado integral, humanizado e multidisciplinar, e com a missão de promover saúde cerebral e mental com excelência técnica e escuta ativa.
A partir de então, o hormônio do estresse entra em ação. O cérebro libera adrenalina e cortisol, que deixam a pessoa em estado de alerta frequente. Eis que o raciocínio trava, e isso se dá porque o córtex pré-frontal (que ajuda a pensar com calma) passa a funcionarpior durante a crise. Por isso, é difícil controlar os pensamentos e se acalmar. “A pessoa entra num círculo vicioso, sente os sintomas, se assusta com eles, e isso piora a crise — como se o cérebro estivesse preso num looping de alarme.”, revela a neurologista.
Existem predisposições neurológicas e psicológicas que podem aumentar o risco de ansiedade, principalmente em pessoas com a vida pessoal e profissional bastante exposta, como as celebridades (especialmente quando combinada com o estresse crônico da vida pública). Por exemplo: uma amígdala mais reativa significa que o cérebro percebe mais ameaças, mesmo em situações neutras, e isso pode ser agravado pela constante exposição e críticas públicas.
Outra situação bastante comum é o desequilíbrio entre emoção e razão. “O cérebro tem um ‘freio’ natural para a amígdala: o córtex pré-frontal, responsável pelo controle racional das emoções. Quando esse freio não funciona bem (por genética ou sobrecarga emocional), a pessoa fica mais vulnerável à ansiedade.”, aponta a Dra. Juliana Dias, que é membro da Academia Brasileira de Neurologia e formada pela Santa Casa de São Paulo, com pós-graduações em Neurologia Vascular, Neuroinfecção, Neurosonologia, Neuropsiquiatria e Cefaleias.
Diante de uma regulação menos eficiente do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), o que leva a uma produção exagerada de cortisol, há uma maior sensibilidade ao estresse. Veja: celebridades vivem sob pressão constante — e se houver essa predisposição biológica, o risco de crises aumenta.
Durante uma crise aguda de ansiedade, os sinais podem ser intensos e assustadores, tanto físicos quanto neurológicos. E isso vai desde uma sensação de desrealização (a pessoa sente que ‘não está no corpo’ ou que o mundo ao redor está irreal), até a clássicaconfusão mental, o medo intenso, a hipersensibilidade a sons, luzes e toque, além de taquicardia, palpitações, falta de ar (sensação de sufocamento), tensão muscular, tremores, sudoreses, tontura, sensação de desmaio, náusea e desconforto abdominal.

Os sintomas neurológicos (como formigamentos, tontura, tremores, sensação de desmaio), acabam levando pacientes ao neurologista. A função do profissional é descartar doenças neurológicas reais, como Epilepsia, Enxaqueca com Aura, Esclerose Múltipla, Distúrbios do Sono e Transtornos do Movimento, promovendo um encaminhamento correto. Após exames e avaliação, se a causa for emocional/psiquiátrica, o neurologista pode encaminhar o paciente para psicologia e psiquiatria — mas muitas vezes segue acompanhando em conjunto.
Já a psicologia atua direto na raiz do problema emocional. As terapias de exposição lidam com medos específicos, a de mindfulness e as técnicas de respiração controlam as crises, a terapia cognitivo-comportamental ajuda a identificar e modificar pensamentos ansiosos, mas ainda há outras no intuito de reduzir as recorrências das crises.
“A neurologia e a psicologia atuam de forma complementar no tratamento de crises de ansiedade, especialmente quando os sintomas são intensos, recorrentes ou confundem com doenças neurológicas.”, acrescenta a neurologista.
A força do trabalho conjunto entre as duas áreas é primordial. Enquanto a neurologia cuida da parte física e funcional do cérebro, a psicologia trata o funcionamento emocional e comportamental. “Essa integração é fundamental porque a ansiedade é uma condição biopsicossocial — afeta corpo, cérebro e mente.”, alerta a Dra. Juliana Dias.
Vale lembrar que crises recorrentes de ansiedade não causam lesões neurológicas diretas, como uma doença do cérebro faria, mas podem provocar alterações funcionais e estruturais no cérebro ao longo do tempo, especialmente se não forem tratadas. Veja: aamígdala, que detecta ameaças, tende a ficar constantemente hiperativada. O córtex pré-frontal pode perder eficiência, dificultando o pensamento lógico e o controle emocional — o que agrava os episódios. Há ainda alterações no hipocampo, importante para a memória e o aprendizado. Com o tempo, o cérebro pode perder a capacidade de “voltar ao normal” após uma crise, mantendo o corpo num estado constante de tensão.
Enfim, crises recorrentes de ansiedade não causam ‘danos’ neurológicos no sentido clássico (como um AVC ou uma epilepsia), mas podem sim alterar a forma como o cérebro funciona, impactando a memória, atenção, sono, e até gerando sintomas físicos duradouros. “Por isso, é fundamental tratar a ansiedade de forma precoce e integrada — com apoio psicológico, psiquiátrico e, se necessário, neurológico.”, finaliza a Dra. Juliana Dias, que realiza atendimentos presenciais e por telemedicina, oferecendo acolhimento e qualidade de vida aos pacientes e suas famílias.
Contatos: @dra.julianadiasneuro | drajulianadiasneuro@gmail.com
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