Um levantamento da Page Personal aponta que 90% dos colaboradores são desligados das empresas por conta de conduta inesperada ou inapropriada. A inteligência emocional tem peso decisivo na manutenção do emprego, já que, segundo a pesquisa, nove de cada dez profissionais são contratados pelo perfil técnico, mas demitidos pelo comportamento.
O mercado está repleto de profissionais qualificados, com excelente formação técnica, mas quando avaliados no âmbito pessoal, muitos surpreendem pela falta de estabilidade emocional. Lidar com questões cotidianas exige compreensão, equilíbrio emocional e habilidades interpessoais, cada vez mais valorizadas pelas empresas.
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“Os treinamentos e mentorias que realizamos por todo o Brasil, independentemente do grupo, do perfil e do cargo, incluem atividades para avaliar as soft skills”, explica Rogério Magalhães, um dos principais mentores de profissionais autônomos e gestores no Brasil.
Magalhães utiliza a técnica da Roda Vida, um exercício no qual os mentorados pintam uma mandala, de 0 a 10, com tópicos relacionados a filhos, família, chefe, emprego, trabalho, e até espiritualidade. O objetivo é verificar o equilíbrio em diversas áreas da vida do profissional, identificando possíveis desequilíbrios que possam estar interferindo no desempenho.
A partir dessa avaliação, o candidato pode tomar providências para resolver suas pendências emocionais, melhorando sua carreira.
Segundo Magalhães, com as mudanças no mercado de trabalho e a necessidade de equipes multidisciplinares, as habilidades chamadas de soft skills e hard skills ganharam destaque e se tornaram pontos chave para a melhoria da empregabilidade. O RH, hoje, avalia não só o conhecimento técnico, mas também as experiências e aprendizados pessoais dos candidatos.
Soft Skills
As soft skills referem-se aos comportamentos e reações diante de situações cotidianas. Elas remetem à inteligência emocional e à personalidade de cada indivíduo, impactando diretamente as relações de trabalho. Assim, ao contratar, as empresas estão observando, além do currículo, a personalidade e as experiências pessoais dos candidatos.
Em alguns casos, as soft skills são explicitadas no job description da vaga, permitindo que o candidato faça uma autoavaliação antes mesmo de se candidatar.
Hard Skills
As hard skills, por outro lado, dizem respeito às habilidades técnicas, os conhecimentos adquiridos por meio de cursos, treinamentos e especializações.
“Cada vez mais o setor de RH entende o valor das soft skills. São essas habilidades que impactam diretamente no dia a dia dos funcionários e no bem-estar das equipes”, comenta Magalhães. Ele explica que essas características são fundamentais para manter o engajamento, foco e motivação dos colaboradores, já que estão ligadas ao mindset e à performance.
Outros benefícios
Além de melhorar o relacionamento entre equipes, as soft skills também são essenciais para a resolução de problemas. Habilidades como criatividade, resiliência e proatividade permitem que o colaborador tome iniciativa para solucionar questões sem depender da liderança.
Magalhães também destaca que um comportamento positivo pode influenciar todo o grupo, assim como uma atitude negativa pode ter o efeito contrário. Por isso, contratar o profissional certo é crucial.
Segundo o mentor, as principais soft skills a serem observadas são empatia, positividade, adaptabilidade, gerenciamento do tempo, inteligência emocional, foco, resiliência e comunicação.
Sobre Rogério Magalhães
Rogério Magalhães é bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal do Ceará, pós-graduado em Marketing pela FGV, e em Estratégia de Marketing pela Universidade de La Verne (EUA), entre outras qualificações. Foi gestor comercial de multinacionais e tem especializações em universidades e escolas internacionais.