Selton Mello, Paula Fernandes, Heloísa Périssé, Adriana Esteves, Bruna Marquezine, Gustavo Tubarão e Ana Furtado estão entre os brasileiros que já compartilharam suas experiências de enfrentamento e superação da depressão, ajudando a dar visibilidade ao tema e a quebrar estigmas.
A saúde mental é um tema cada vez mais discutido, mas ainda cercado de estigmas que dificultam o diagnóstico e o tratamento adequados. Relatos de celebridades que enfrentaram a condição reforçam que a depressão pode atingir qualquer pessoa, independentemente de fama ou sucesso, e destacam a importância de falar abertamente sobre o tema e de buscar apoio profissional.
Para esclarecer dúvidas sobre os sinais de alerta, os tipos de tratamento e os desafios enfrentados pelos pacientes, a psicóloga Dra. Joana d’Arc Sakai responde às principais questões sobre a depressão.
Como identificar os primeiros sinais de que uma tristeza comum pode estar evoluindo para um quadro de depressão?
É essencial diferenciar a tristeza passageira de um transtorno de humor mais grave.
“Precisamos conhecer os sinais para reconhecê-los e atuar na prevenção. A tristeza é uma reação a situações cotidianas, como perdas e frustrações, sendo geralmente transitória. Já a depressão é um transtorno mental causado por desequilíbrio bioquímico, que pode ser agravado por traumas e experiências dolorosas. Entre os sinais de alerta, estão: mudanças de humor, irritabilidade, choro frequente, perda de interesse por atividades antes consideradas prazerosas, alterações no sono e no apetite, fadiga intensa, pensamentos negativos, isolamento social e até ideação suicida. O que diferencia é a intensidade, a persistência e o impacto nas atividades diárias.”
Quais são as abordagens terapêuticas mais utilizadas pela Psicologia no tratamento da depressão?
O tratamento psicológico oferece diferentes caminhos, sempre adaptados à singularidade do paciente.
“A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) auxilia na identificação e modificação de pensamentos negativos e crenças disfuncionais. A Psicoterapia Psicanalítica busca compreender conflitos inconscientes e ressignificar experiências traumáticas. Técnicas complementares, como mindfulness, relaxamento, grupos de apoio e atividades expressivas (arte, música, voluntariado), também são muito eficazes. Mais importante que a técnica é o vínculo entre psicólogo e paciente, fator decisivo para o sucesso do processo terapêutico.”
O tratamento psicológico por si só pode ser suficiente ou é necessário acompanhamento psiquiátrico em alguns casos?
Tudo depende da gravidade do quadro.
“Nos casos leves, a psicoterapia pode ser suficiente. Mas, quando os sintomas são moderados ou graves, o acompanhamento psiquiátrico é fundamental. Nessas situações, pode haver risco de suicídio, automutilação, delírios, alucinações ou incapacidade de realizar tarefas básicas. O ideal é um tratamento interdisciplinar: psicologia, psiquiatria e rede de apoio trabalhando em conjunto. A psicoterapia atua nos fatores emocionais e cognitivos, enquanto a psiquiatria regula neurotransmissores por meio de medicação, ajudando o paciente a engajar-se no processo terapêutico.”
Quais são os maiores desafios que pacientes enfrentam durante o processo terapêutico?
A jornada de tratamento da depressão exige resiliência e paciência.
“Muitos pacientes sofrem com desmotivação, falta de energia e desesperança, o que dificulta a adesão à terapia. Existe pressa por resultados rápidos e autocobrança por não melhorar logo, o que gera frustração e até abandono precoce do tratamento. Outro desafio é enfrentar conteúdos dolorosos ligados a traumas e perdas. Soma-se a isso o estigma social — ideias equivocadas como ‘depressão é fraqueza’ — que podem gerar vergonha e isolamento. Custos financeiros e dificuldades de acesso também são barreiras. Além disso, recaídas podem abalar a confiança, reforçando a importância de persistir no processo.”
Que papel a Psicologia desempenha na prevenção de recaídas e na construção de qualidade de vida a longo prazo?
O acompanhamento psicológico vai além da redução de sintomas.
“A Psicologia ajuda o paciente a desenvolver ferramentas para reconhecer gatilhos emocionais e lidar com fatores de risco que poderiam reativar o quadro. A psicoterapia permite construir repertório saudável de enfrentamento, fortalecendo autoestima e autoeficácia. Também promove relações interpessoais mais equilibradas e um plano de manutenção a longo prazo, reduzindo chances de recaídas. O objetivo é ampliar a qualidade de vida, permitindo que o paciente viva de forma consciente, saudável e resiliente.”

Sobre a especialista
Dra. Joana d’Arc Sakai – Psicóloga
Dra. Joana d’Arc Sakai é psicóloga clínica e escolar. Doutora e Mestra em Psicologia pela USP, com especialização em Psicanálise de crianças e adolescentes (USP). Atua em psicologia clínica em consultório particular e em assessoria educacional. É palestrante em temas ligados à Psicologia, Educação e desenvolvimento da mulher, com forte atuação no meio corporativo. Também ministra cursos in company, como o reconhecido projeto Escola de Pais.
Contato: @sakaipsicologia
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