Hugo Bonemer: “Uma refeição sem carne já ajuda a salvar o planeta”

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Há quatro anos, o ator e apresentador Hugo Bonemer começou uma longa jornada rumo ao veganismo, na qual aos poucos, foi entendendo a importância de não se consumir carne – ou, pelo menos, reduzi-la na alimentação – para o futuro da Terra. Agora o ator de 34 anos se juntou ao Menos 1 Lixo, organização que promove educação ambiental, para uma websérie justamente sobre o tema – os dois primeiros episódios já estão no ar e podem ser conferidos no Instagram do ator e do projeto (vídeos no final).

“Não posso ignorar que comer carne é um símbolo de sucesso no nosso país e que muitas pessoas sequer têm a opção de comer carne devido ao seu alto custo. É uma questão delicada, sim”, assume o ator de 34 anos. “Mas uma refeição sem carne já ajuda a salvar o planeta”, aponta.

O consumo de carne, ele diz, gera uma indústria poluente, responsável não só pela emissão de gases que aceleram o aquecimento global, como pela devastação de florestas para pastagens e plantação de soja, usada para ração animal. “Só que quero que as pessoas continuem ganhando dinheiro, entendo que é uma indústria que emprega muita gente”, afirma.

“Eu vejo o futuro da seguinte forme: em um prazo de dez anos, devido às mudanças climáticas, vamos ser obrigados a tomar mudanças muito sérias nesse sentindo e mudar a forma como consumimos e produzimos carne”, completa o ator, que passou a estudar o assunto após aderir ao veganismo.

Hugo Bonemer: “Uma Refeição Sem Carne Já Ajuda A Salvar O Planeta”
Hugo Bonemer: “Uma refeição sem carne já ajuda a salvar o planeta”

Em um primeiro momento, Hugo decidiu cortar todo alimento de origem animal por uma questão ambiental, depois por uma questão de saúde. “Trabalhando com o teatro musical, todo mundo conhece a máxima de não beber leites e derivados quando vai cantar porque prejudica a garganta”, conta o ator. “Quando fiz o Show do Famosos (2019), já tinha introduzido as proteínas da soja e os queijos vegetais, cortado a carne vermelha e puder comprovar os benefícios”, lembra.

As mudanças, Hugo percebeu logo externamente: a pele ficou mais firme e o cabelo cresceu mais rápido. “Quando fui fazer meus exames, minha testosterona aumentou e ficou igual a dos meus 16 aos. As taxas estavam perfeitas, só precisei fazer um reforço de vitamina D porque não tomo sol”, explica o ator.

Ele faz questão de dizer que não apenas cortou as proteínas e derivados de carne – como latícinios e ovos –, mas introduziu outros tipos de proteínas. Hugo tão refuta o mito de que abraçar uma vida sem carne engorda, uma preocupação de muita gente. “Eu emagreci e ganhei massa muscular. Fui procurar acompanhamento profissional para não fazer besteira nessa transição. Antes comia arroz, feijão e bife, hoje como grão-de-bico e feijão”, conta, ressaltando que há muita informação sobre o tema, gratuita e acessível, na internet. “Tenho a mesma ingestão de carboidrato e proteína. Não precisei fazer nenhuma mudança drástica”, aponta.

Hugo não faz a linha do ex-carnívoro que tenta a todo custo convencer os outros a abandonar a carne. “Não uso essa palavra, prefiro dizer que inspirei pessoas a reduzir o consumo de carne. A redução é muito viável do que transformar alguém em vegano”, diz, lembrando que a diminuição das refeições com carne já tem impacto positivo. “Pensando em crueldade animal, isso ainda não é suficiente, mas pensando no meio ambiente, no planeta, o efeito é positivo”, pondera.

Hugo Bonemer: “Uma Refeição Sem Carne Já Ajuda A Salvar O Planeta”
Hugo Bonemer: “Uma refeição sem carne já ajuda a salvar o planeta”

O objetivo do ator é fazer as pessoas terem um novo entendimento de sua relação com a natureza e como uma simples mudança de hábitos tem impacto real no nosso futuro. “Eu só gosto de falar da origem da carne, por exemplo, quando é para explicar o quanto a maior parte da nossa carne vem do desmatamento”, diz ele, se referindo a outro ponto comum no debate em torno do comer ou não proteína de origem animal, que é a forma como os animais são criados.

Hugo, que é um grande defensor da ideia da segunda sem carne, assume que sua empatia com os animais veio só depois em sua caminha no veganismo. “Eu não tinha essa empatia. Eu comia bicho porque era gostoso. Eu nem tinha tanta empatia por animal doméstico. Sinto que venho passando por um processo de humanização. Hoje considero a crueldade animal tanto quanto a crueldade feita aos seres humanos”, diz.

O ator entende que essa tomada de consciência nem sempre é um processo linear ou rápido. Ele mesmo passou a se interessar de verdade pela questão ambiental há uma década, quando Fernanda Cortez o desafiou a conferir quantos copos descartáveis usava em uma semana. “Contei 37 e vi que em um ano era uma quantidade infinita”, lembra. “Isso se transformou em algo sólido e essa amizade continuou. Hoje, de forma mais madura, posso fazer sobre veganismo e consumo de carne”, avalia.

Hugo Bonemer: “Uma Refeição Sem Carne Já Ajuda A Salvar O Planeta”
Hugo Bonemer: “Uma refeição sem carne já ajuda a salvar o planeta”

Por isso ele se juntou ao Menos 1 Lixo, onde de forma divertida fala sobre o tema para quem é leigo no assunto ou mesmo para quem já tem conhecimento. “Puxamos pelo humor, fazendo analogia da comida queimada com as queimadas das florestas para mostrar que estamos falhado e que gente precisa abraçar a hipocrisia”, explica.

Hugo reforça que veganismo, para ele, não é uma religião, mas encara como um estilo de vida e movimento político. “A forma como eu tenho encarado o veganismo tem me trazido alegrias e satisfações. Hoje entendo a lentidão dos processos políticos e meu prazer pessoal em ser vegano é muito maior que a vontade de convencer o mundo a ser vegano”, pondera. “Todas as vezes que recuso comer algo de origem animal isso mexe até como entendo minha espiritualidade”, diz.

Hugo Bonemer: “Uma Refeição Sem Carne Já Ajuda A Salvar O Planeta”
Hugo Bonemer: “Uma refeição sem carne já ajuda a salvar o planeta”

O ator tenta evitar usar produtos que utilizem couro, como roupas e sapatos, mas entende que não é possível que as pessoas simplesmente descartem o que já têm no material, pois o consumismo é outro fator de degradação ambiental. “Aí procuro uma bota de couro vegano e descubro que é feito de plástico. Não quero criar outro problema, né?”, afirma.

“Podendo, sempre opto pela opção vegana. Isso não quer dizer radicalismo. A vacina para a Covid não era vegana, mas para conter uma pandemia mundial que matou inclusive meu pai. Eu tomei uma vacina que foi testada em animais. Vacina essa que meu pai não tomou convencido por uma seita política”, diz Hugo.

“Nesse caso, tivemos um acordo moral: não é bom para os animais, mas vai conter a pandemia”, explica Hugo, sobre o delicado equilíbrio que encontrou para exercer de forma viável seu veganismo. Essa é também uma das razões pela qual ele entende quem ainda acredita que o veganismo é caro.

“Não é, é um mito. Ele é mais barato, estamos falando de vegetais. Mas é preciso dar informações às pessoas. Também temos de entender que carne é sinônimo de sucesso na vida – sucesso econômico – e lembranças afetivas, como o churrasco no final de semana. Então enquanto não tiver alternativas a isso, as pessoas serão reticentes à mudança. Mas hoje há temos queijos veganos bem caros, de R$ 70, para quem quer essa validação financeira”, diz. “E, claro, entendo que comer carne ainda não é uma opção para boa parte da população, ainda mais no atual momento. Mas acredito que, cada um à sua maneira, pode fazer sua parte”, afirma.

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