Leslie Oliveira, falou sobre as dificuldades e conquistas na vida, durante o QueenCast

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Leslie Oliveira tem uma história que, a essa altura, já teria um final trágico se não fosse por uma mudança de rumo que envolveu relacionamentos abusivos, drogas, vida nas ruas, perda de tudo e uma segunda chance para retomar sua dignidade. Em uma recente entrevista no QueenCast com a apresentadora Paula Ferreira, uma amiga de longa data dos palcos, Leslie conta de maneira extrovertida um resumo de sua trajetória de altos e baixos. A forma divertida como narra os acontecimentos é uma maneira de reviver todas as situações sem sentir a mesma dor daquela época.

Originária da cidade Americana, onde vivia com seus pais e duas irmãs, Leslie descobre cedo que é uma pessoa trans e, consequentemente, se muda para Campinas. Lá, ela assume a persona de Leslie Make Up, uma drag conhecida por seus shows iluminados por roupas com LEDs, até mesmo chegando a sofrer um choque elétrico durante uma apresentação.

Ganhou destaque no cenário noturno LGBT da América Latina ao trabalhar na The Club, a maior boate da região, onde se tornou a hostess mais famosa de Campinas e arredores. Sempre com looks surpreendentes, uma beleza singular e a habilidade de manter a casa sempre cheia de clientes.

Foi durante esse período que ela se envolveu em relacionamentos tóxicos, muitas vezes com os go-go boys da The Club. Houve situações em que os rapazes se aproveitaram dela, como um que comprou uma moto com dinheiro dela e a usava para sair com outras pessoas. Em outra ocasião, ela teve um namorado cuja intimidade foi invadida por uma cantora famosa de um grupo de garotas, e Leslie a atingiu com golpes de um leque durante um blackout.

Foto: Acervo Pessoal
Foto: Acervo Pessoal

Com o fechamento da The Club e o fim do relacionamento, Leslie foi diagnosticada com leucemia. Ela retornou à casa dos pais, onde o médico lhe deu poucos dias de vida. No entanto, um milagre, como ela mesma descreve, a curou. Nesse momento, ela se reconverteu ao cristianismo e começou a frequentar a igreja, embora tenha mantido isso por pouco tempo. Sentindo a necessidade de voltar a Campinas para viver sua verdadeira identidade como pessoa trans, Leslie começou a trabalhar em um salão e retomou sua carreira de hostess. Eventualmente, ela se envolveu com um rapaz ligado às drogas, tentando ajudá-lo sem sucesso, o que a levou a gastar tudo o que tinha e a mergulhar no vício, levando-a a viver nas ruas de Campinas.

Foi um momento depressivo e torturante para alguém que havia alcançado o estrelato e o reconhecimento público. Agora, como moradora de rua, ela pedia esmolas e também era usuária de drogas, parecia que tinha chegado ao fundo do poço. Leslie conta que viu as mesmas pessoas que costumavam pedir fotos dela quando estava no auge passando por ela nas ruas, muitas vezes fingindo que não a conheciam. Em uma ocasião, outro morador jogou gasolina sobre seu corpo enquanto dormia e tentou atear fogo, mas Leslie acordou a tempo e conseguiu se salvar.

Foto: Acervo Pessoal
Foto: Acervo Pessoal

Foi então que ela decidiu tomar uma atitude, começando a vender balas e chicletes em semáforos. Amigos se mobilizaram para ajudá-la, criando uma vaquinha virtual, e Leslie começou a se reerguer. No entanto, ela sabia que o dinheiro acabaria cedo ou tarde e precisava de uma fonte de renda mais estável. Durante sua jornada de recuperação, Leslie foi convidada a trabalhar como divulgadora em uma loja de roupas de festa, entregando panfletos e convidando as pessoas a conhecer a loja. Conforme ganhava a confiança dos donos, ela conseguiu se tornar vendedora e modelo da loja, ressurgindo das cinzas como uma verdadeira fênix.

A história de Leslie é muito mais complexa do que isso, e ela a detalha minuciosamente no QueenCast. Frequentemente, ouvimos histórias trágicas de mulheres trans que seguiram caminhos semelhantes, mas testemunhar sua vitória enche nossos corações de esperança.

Foto de Capa: J / QueenCast

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