Faleceu nesta segunda-feira (29), aos 60 anos, a escritora e artesã Jacira Roque de Oliveira, mais conhecida como Dona Jacira. Mãe do rapper Emicida, do empresário e cantor Evandro Fióti e de Katia, Katiane e Leandro, ela estava internada em um hospital na capital paulista. A causa da morte ainda não foi divulgada. A informação foi confirmada por Fióti ao portal UOL.
Em nota enviada à imprensa, os filhos lamentaram profundamente a perda da mãe:
“Mãe, avó, escritora, compositora, poeta, artesã e formada em desenvolvimento humano, como gostava de ser reconhecida. Dona Jacira foi uma mulher detentora de tecnologias ancestrais de sobrevivência e resistência que construíram um legado enorme para as artes e para a cultura afro-brasileira.”
A família também agradeceu o carinho do público e pediu respeito à sua privacidade neste momento de luto:
“Esse legado será levado adiante por sua família e todas as pessoas que tiveram suas vidas impactadas e transformadas por sua presença de cuidado, amor, luz e fé neste plano.”
Luta e resistência como missão de vida
Nascida e criada na zona norte de São Paulo, Dona Jacira enfrentou uma vida marcada por adversidades: foi vítima de maus-tratos na infância, casou-se ainda na adolescência, perdeu o marido precocemente e passou anos lutando contra a pobreza.
Durante décadas, trabalhou como empregada doméstica, uma experiência que moldou sua consciência social e aparece com força em sua obra. O próprio Emicida relembrou, em entrevistas, as dificuldades enfrentadas pela mãe:
“Minha mãe foi empregada doméstica durante anos. Ela não podia comer na mesma mesa que as pessoas, usar os mesmos talheres e nem podia comer a mesma comida.” — relembrou o rapper durante o programa Papo de Segunda, no GNT.
Além das questões sociais, Dona Jacira também enfrentava problemas de saúde. Ela convivia com lúpus e fazia hemodiálise há mais de 25 anos.
Da dor à criação: um caminho de cura pela arte
Foi já na maturidade que Dona Jacira mergulhou definitivamente no universo das artes, encontrando na criação um instrumento de cura e autoconhecimento. Com uma produção voltada para o resgate da ancestralidade negra, ela passou a ser reconhecida como uma “detentora de saberes e fazeres”, como gostava de dizer.
Entre 2021 e 2023, atuou como colunista no UOL, escrevendo sobre temas ligados à negritude, espiritualidade, feminismo e memória popular.
Mesmo sendo inicialmente reconhecida como “a mãe do Emicida”, Dona Jacira conquistou um público próprio com sua escrita potente, sua fala firme e sua presença marcante. Ela transformou a dor em arte e a experiência em sabedoria.

O Brasil se despede de uma mulher que fez da resistência sua forma de existência. O legado de Dona Jacira permanecerá vivo nas palavras, nas canções, nas memórias e nos corações de todos que foram tocados por sua jornada.
Foto: Fernando Gomes
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