As canetas emagrecedoras lotam clínicas e transformam corpos. Mas, sem tratar a mente, o corpo volta a se desequilibrar de outro jeito”, afirma o Dr. Leandro Barreto, médico do Hospital das Clínicas da USP.
Elas cabem no bolso, prometem resultados rápidos e já se tornaram símbolo da nova era do corpo perfeito.
Mas, segundo o médico, o fenômeno das canetas emagrecedoras revela algo mais profundo e preocupante: a medicalização da insatisfação.
“O problema não é a caneta. É o motivo pelo qual ela se tornou indispensável. Enquanto a cabeça não mudar, o corpo repetirá o mesmo problema — só mudará o jeito de adoecer”, afirma.
Para ele, a tecnologia farmacológica é uma aliada poderosa, desde que usada com propósito, acompanhamento e responsabilidade.
“O que mais preocupa é a pressa. O corpo virou um projeto e o sofrimento, um mercado. Há pessoas ficando magras na balança, mas permanecem pesadas de ansiedade”, comenta.
Nos consultórios, o médico observa um padrão recorrente: pacientes em busca de atalhos que aliviam o sintoma, mas ignoram a causa.
“O corpo não mente. Ele devolve, em forma de desequilíbrio, tudo o que a mente tenta esconder.”
De acordo com dados recentes, o Brasil já é o segundo país do mundo que mais utiliza medicamentos para emagrecer, atrás apenas dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, lidera o ranking global de ansiedade e está entre os primeiros em depressão e distúrbios alimentares.
“Esses números não são coincidência”, observa. “São sintomas de uma sociedade doente de pressa, que mede saúde em quilos e felicidade em curtidas.”
E o alerta não é apenas psicológico. Estudos mostram que mais de 90% dos pacientes que utilizam as canetas emagrecedoras apresentam deficiência de vitaminas e minerais essenciais ao bom funcionamento do organismo — elementos fundamentais para o metabolismo, imunidade, energia e equilíbrio hormonal.
“O corpo pode até ficar mais leve, mas o sistema se torna mais frágil”, ressalta.
Ele explica que o emagrecimento real não é apenas o que se vê no espelho, mas o que acontece silenciosamente nas células, nos hormônios e nos pensamentos.
“Emagrecer é uma consequência da harmonia entre hábitos e mente, não um prêmio pela obediência ao remédio”, diz.
Para o médico, o futuro da medicina precisa resgatar o óbvio que se perdeu: o corpo é um reflexo da forma como se vive.
“Enquanto tentarmos resolver com fármacos o que nasce de escolhas desajustadas, viveremos uma eterna troca de sintomas. Hoje é o peso, amanhã é a ansiedade, depois a insônia — e assim por diante.”
A abordagem essencial, segundo ele, precisa ser o novo padrão de cuidado. Isso inclui mudanças reais de comportamento, como:
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Alimentação anti-inflamatória, que reduz a resistência à insulina e melhora a saúde intestinal;
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Sono reparador, que regula os hormônios da fome e do estresse;
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Ingestão adequada de água, essencial para o metabolismo e a desintoxicação natural;
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Atividade física regular, que reduz inflamações e fortalece o sistema nervoso;
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Controle do estresse e da ansiedade, pilares ignorados que sabotam qualquer tentativa de equilíbrio.
“A mente desajustada é tão perigosa quanto o corpo inflamado. De nada adianta perder gordura se o pensamento continua intoxicado”, afirma.
Ele relata que é comum ver pessoas que voltam a engordar mesmo após resultados expressivos com a caneta.
“Isso acontece porque emagrecer sem entender a própria história emocional é como reformar a fachada de uma casa com rachaduras na fundação. Esteticamente muda, estruturalmente continua o mesmo.”
Para o Dr. Leandro Barreto, a verdadeira transformação exige mais do que um remédio — exige consciência.
“Emagrecer é simples. Difícil é sustentar um corpo saudável numa mente em conflito.”
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