Na quebrada da Zona Leste de São Paulo, onde as ruas vibram ao som do mandelão e do funk putaria, nasceu a voz forte e autêntica de Ari Falcão, cantora, compositora e artista independente que tem conquistado cada vez mais espaço na música brasileira com suas letras afiadas e sua presença de palco magnética. Mas antes da fama e dos palcos, Ari é sinônimo de resistência, superação e verdade.
Nascida Arianne Falcão, a artista prefere não revelar o nome completo com frequência. “Ariane, só Ariane, tá bom?”, ela brinca. Criada em bairros como Aricanduva, Cangaíba e Itaquera, Ari viveu uma infância marcada por carinho e violência. Enquanto o irmão mais velho era sua principal referência de afeto e proteção, dentro de casa, presenciava os conflitos constantes entre os pais. “Meu pai era extremamente machista, maltratava minha mãe. Eu cresci vendo coisas que nenhuma criança deveria ver”, conta.
Apesar das dificuldades, Ari manteve vivo o sonho de cantar. Ainda criança, tocava violão, arriscava no sertanejo e chegou a participar do programa Ídolos, em 2012. Mas a realidade bateu cedo: aos 14 anos, teve que deixar a música de lado para trabalhar com carteira assinada. Foi só em 2021 que decidiu abandonar tudo para correr atrás do seu verdadeiro objetivo — viver da música.

Sem dinheiro, sem contatos e sem estrutura, começou a frequentar as batalhas de rima em São Paulo como uma forma de se inserir na cena e fazer conexões. “Eu achava que se eu rimasse, talvez alguém me ajudasse a gravar uma música. E foi o que aconteceu”, relembra. Depois de meses rimando “de segunda a segunda” nas ruas da capital, foi descoberta por um empresário durante uma batalha e, no fim daquele mesmo ano, assinou seu primeiro contrato profissional.
Dentro da cena, Ari rapidamente se destacou. Gravou com DJs como DJ Leozera, fez segundas vozes, atuou como dançarina e participou de shows de diversos MCs. “O funk me abraçou de um jeito que eu nunca imaginei. Os DJs, os MCs, todo mundo me acolheu.” Com carisma e talento, ela cresceu — e viralizou.
O grande estouro veio com a música “Automotivo Bissexual”, que se espalhou pelas redes sociais e se tornou sua faixa mais reconhecida pelo público. Pouco depois, Ari lançou ¨Dryzinho do Mal¨, sua primeira música solo, que ultrapassou meio milhão de streamings nas plataformas digitais.
Firme em sua identidade como funkeira, Ari é direta sobre o gênero musical que escolheu representar. “Eu tenho muito orgulho do funk putaria. Muita gente torce o nariz, mas a gente só tá retratando a realidade. Todo mundo transa, todo mundo goza. Se não transa, tá lá no baile dançando, fazendo ombrinho. E isso também é arte.”
A artista também tem conquistado seu espaço fora dos palcos. Seu canal no YouTube, criado há poucos meses, já se aproxima de 300 mil inscritos, fruto de um trabalho diário com vídeos, músicas e bastidores. Nas redes sociais, é ativa, divertida e acessível. Tanto que enviou uma caixa cheia de presentes personalizados para sua fã número um, que vive em Pernambuco. “Eu sei como é ter um ídolo. Se alguém me admira desse jeito, eu quero retribuir.”
Com shows lotados, Ari diz que nunca teve medo de palco. “A rua me ensinou tudo. Quando você canta na calçada pra quem não quer ouvir, cantar pra quem pagou pra te ver é moleza”, afirma.
Para os próximos meses, os fãs podem esperar músicas novas, videoclipes e, possivelmente, um álbum que está sendo planejado com cuidado. “Quero trazer algo que mostre todas as minhas fases, sabe? Ainda estou decidindo se lanço no fim deste ano ou no início do próximo.”
Mesmo vivendo do que ama, Ari não para de sonhar. Entre os desejos estão fazer colaborações com artistas de outros estilos, viajar para fora do país e expandir sua versatilidade como artista. “Pra mim, só de viver da música eu já ganhei. Mas quero mais. Quero cantar com gente diferente, experimentar. Quero ser livre.”
E para quem está começando na música, ela deixa o recado:
“Não espere nada de ninguém. Trabalha, junta grana e investe em você. Não larga tudo sem ter estrutura. Deus abençoa, mas o corre é seu.”
Ari Falcão é a prova viva de que, com coragem, verdade e um microfone na mão, uma mulher da quebrada pode virar o jogo — e ditar o ritmo da próxima batida.
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