Se repetir a sequência dos shows da turnê que celebra suas oito décadas de vida – na estrada País afora desde março – nesta sexta-feira (19) o palco do Teatro Guararapes terá “apenas” Paulinho da Viola e uma caixa de fósforos, como instrumento, saudando o público pernambucano com a inédita “Ele”, abrindo o repertório de uma noite de nobreza para a Música Popular Brasileira.
Trata-se, afinal, de um dos ‘oitentões’ geniais que seguem por aqui cumprindo com exatidão a máxima de que, insubstituíveis, deixarão vácuo que não vai comportar preenchimento – com, por exemplo, Milton Nascimento, Caetano Veloso e Gilberto Gil integrando a mesmas lista de excepcionais da música nacional.
Do rol cada vez mais escasso de nomes expressivos das sonoridades já produzidas no País, Paulo César Batista de Faria é brincante da arte desde os tempos do “Rosa de Ouro”, show inaugural de uma carreira que se consolidaria tempos depois como cantor, compositor, violonista, cavaquinista e bastião do samba, gênero que será revisitado por ele na turnê com as clássicas.
“Foi um Rio que Passou em Minha Vida” (1969), “Coração Leviano” (1977), “Dança da Solidão” (1972), “Sinal Fechado” (1969) e “Timoneiro” (canção de 1996, em parceria com Hermínio Bello de Carvalho), entre outras que o remontam à própria trajetória na música, por onde passeia majestosamente há pelo menos cinco décadas, integram o repertório do show
Percurso, aliás, registrado pelo Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), em meio às celebrações dos 80 anos – completados em novembro do ano passado.
De acordo com a instituição, as palavras mais citadas por Paulinho no decorrer de seu principado pela música foram ‘amor, vida, viver, samba e coração’, verbetes que embaralhados perfazem o mote de suas centenas de composições – somadas a outras que, embora não tenham sua assinatura, o acompanham o tanto quanto, em rimas e versos sambados e, portanto, integrantes de um setlist formado também por suas memórias afetivas.
Que o digam as majestosas interpretações dadas por ele a “Acontece” (Cartola), “Nervos de Aço” (Lupicínio Rodrigues) e “Samba Original” (Zé Keti), entre outras.
Acompanham Paulinho para o show no Guararapes, o filho João Rabello (violão), 27 anos, cujo primeiro disco solo “Roendo as Unhas”, lançado em 2006, leva o nome de um choro do pai, da década de 1970 – Rabello, a propósito, não carrega literalmente a exímia musicalidade na veia à toa, neto que é do violonista César Faria, pelo lado paterno, e pelo materno é sobrinho de um dos nomes de peso do violão sete cordas, Raphael Rabello.
Adriano Souza (piano), Dininho Silva (baixo), Mário Seve (metais), Esguleba e Celso Silva (percussão) e Ricardo Costa (bateria) completam o conjunto que sobem ao palco do show com Paulinho da Viola, que entregou a direção geral da festa (do show) – que seguirá de Recife para outros palcos tupiniquins, pelo menos até agosto – a Cláudio Botelho.
Serviço
Paulinho da Viola – Turnê 80 Anos
Quando: amanhã, 21h30
Onde: Teatro Guararapes (Centro de Convenções, Olinda)
Ingressos a partir de R$ 90 no Sympla e na bilheteria do teatro