Xuxa Meneghel debruça sobre a própria trajetória em documentário inédito; veja entrevista

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Intensa, estelar e avassaladora. Essas são algumas definições que podem enquadrar a trajetória de Xuxa Meneghel diante do vídeo. Modelo, apresentadora infantil, atriz e cantora, Maria da Graça Xuxa Meneghel atravessou gerações com sua nave espacial, que pousava na tela da Globo na década de 1990.

Mas o glamour e o sucesso também resultaram em polêmicas e burburinhos sobre a vida pessoal da apresentadora.

Aos 60 anos, Xuxa estrela uma série documental, disponível na plataforma Globoplay, que mostra o que realmente acontecia quando as portas da nave espacial se fechavam e o que envolvia os bastidores da vida pessoal e carreira da eterna Rainha dos Baixinhos.

“Não tem essa de passar a mão na minha cabeça. Vão ter coisas que o público se questionará como deixei passar. Atualmente, as pessoas têm falado muito do meu reencontro com a Marlene (Mattos, antiga empresária), mas o documentário é muito mais do que isso. São 40 anos de carreira. Minha vida toda lá”, explica

Xuxa Meneghel
Xuxa Meneghel

Por meio de reencontros exclusivos e entrevistas conduzidas por Pedro Bial, a produção relembra a rotina intensa de um ícone pop internacional e as relações com a equipe por trás das câmeras e também com a família. O projeto promoveu, inclusive, um reencontro com o ator Marcelo Ribeiro, que contracenou ainda menino com Xuxa no polêmico filme “Amor, Estranho Amor”, de 1982. “Até hoje as pessoas querem falar desse filme, mas fiz com 17 anos. As pessoas não enxergam como ficção.

‘Xuxa é pedófila porque fez um filme’. Ou seja, o Rambo matou um monte de gente? Ninguém vê a história, que é sobre exploração sexual. Sofro até hoje com isso. Me machuca a ignorância das pessoas”, desabafa.

P – Você tem uma longa trajetória diante de câmeras. Agora, aos 60 anos, o que a motivou a revisitar o passado através desse documentário original Globoplay?

R – Estou com muita vontade ser avó, mas não é nenhuma pressão na Sasha (risos). Ela tem de fazer no momento certo. Mas queria que meus netos tivessem a oportunidade de ver a minha história. Acho muito lógico esse projeto ser feito pelo Globoplay.

A Globo tem 29 anos da minha história. Não poderia ser feito por outro veículo. Quero que todos me conheçam. Em vez de álbum de família, eu vou mostrar um documentário para os meus netos. Em vez de contar, vou mostrar. Não vai ser bacana?

P – Como foi essa experiência de revisitar locais importantes do passado e conversar com pessoas fundamentais da sua história, como Boni e Marlene Mattos?

R – Foi bem interessante. Eu queria levar todo mundo para as gravações. Levei a Sasha para Santa Rosa e mostrei tudo por lá. Queria que ela estivesse em vários momentos. Rever tantas pessoas foi um dos pontos mais emocionantes do projeto, sem dúvida. É muito interessante ver a nossa história através do olhar do outro. É diferente.

P – Mesmo sendo um documentário retrata sua história, você chegou a se surpreender com alguma informação ou pesquisa da produção?

R – Sim. Eu deixei de falar com o diretor que fez o programa comigo nos Estados Unidos. Não sabia porque deixamos de nos falar, mas descobri isso no documentário. Também nunca soube como ele chegou até mim naquela época. Como ele me viu? Como ele me descobriu? Fiquei sabendo que foi através do Michael Jackson. Foi uma grande surpresa.

P – Você teve acesso ao documentário antes da estreia na plataforma de streaming. Qual foi a sua participação na edição final?

R – Algumas coisas saíram. Teve coisa que a própria equipe do Bial achou correto tirar porque podia tirar a atenção de outras coisas. Mas teve um trecho que eu pedi para tirarem. Falei na hora meio sem pensar. Na verdade, eu até pensei, mas acho que nem todo mundo está preparando para ouvir o que eu falei ali. O próprio Bial falou que achou que eu me abri demais e me excedi naquele momento. Talvez em um outro momento eu fale sobre isso. Eu vi o documentário duas vezes e acho que não é um projeto “Xuxa Te Amo”.

P – Como assim?

R – Claro que talvez eu gostasse de ver mais algumas coisas. Mas não mudaria nada no projeto final. Achei bem compacto para contemplar 60 anos de vida de uma pessoa e 40 anos de profissão. Vi muito respeito pela minha história. Não é um documentário que me coloque nas alturas. Tem puxão de orelha também. Tem umas vergonhas que as pessoas vão se perguntar como deixei isso passar. Mas acho que o bacana é esse. Não colocar só as coisas boas.

P – Você teve acesso a muitas gravações e programas antigos. Como foi essa experiência de rever esse material?

R – Muito estranho você se ver tanto tempo depois. Tem muita coisa que eu via e pensava: “o que se passava na cabeça dessa pessoa?”. Eu não sabia como agir com crianças naquela época. Têm vídeos comigo falando coisas horríveis para aquelas crianças. Peço desculpas às crianças que cresceram comigo. Eu não estava preparada para aquele papel. Eu não era do mal. Fazia cinco programas por dia. Tem um vídeo que eu falo assim para uma criança: “Você não entrou no cano? Vai, gorda”. Como eu falava algo assim? Como ninguém me parava? O programa não era ao vivo. Podia ser editado. Eu não fui preparada para estar ali. Sempre que me deram a chance vou me desculpar por esses erros.

P – Mas em algum momento você sentiu que aprendeu a lidar melhor com o público infantil?

R – Sim, quando comecei o “Xuxa Só Para Baixinhos”. Ali eu me preparei, estudei. Tive informações que acho que poucas pessoas sabem. Aprendi como funciona a cabeça das crianças em diferentes faixas etárias. Conversei com neurocientistas que me explicavam tudo, sabe? Fiquei impressionada com a quantidade informação que tive naquela época.

P – Como quais?

R – Tinha muita coisa bacana. As melhores palavras para colocar nas músicas, não usar muito negativo. Entender como funcionava a cabeça de uma criança de zero a seis anos, depois aos oito anos… Isso tudo me ajudou a ter um olhar mais carinhoso para as crianças. E naquela época não tinha Google. Tive de correr atrás dessas pesquisas, comprar vídeos lá de fora… Ser mãe também foi uma virada de chave. Eu fui entender que não podia falar “não pisa no meu pé que eu piso no seu” para uma criança, né? Eu poderia ter sido mais suave.

Serviço

“Xuxa, O Documentário” – Episódios semanais disponíveis no Globoplay.

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