Sete meses após a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) reconhecer oficialmente o Brasil como livre da Doença de Newcastle, produtores nacionais seguem enfrentando barreiras comerciais impostas por nove países — entre eles a China, maior importador do frango brasileiro.
A enfermidade, uma infecção viral altamente contagiosa que acomete aves domésticas e silvestres, teve um foco registrado em 17 de julho de 2024, em uma granja no município de Anta Gorda, no Rio Grande do Sul. Após a adoção de medidas sanitárias, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) declarou o foco encerrado em 25 de julho. Em outubro, a OMSA confirmou a erradicação e restabeleceu o status sanitário do Brasil.
Mesmo assim, diversos países mantêm restrições. A China, que responde por 10,5% das compras de frango brasileiro, suspendeu as importações de oito frigoríficos gaúchos — entre eles unidades da BRF e da JBS — e, até agora, não reverteu a decisão. O Chile continua restringindo a entrada de produtos provenientes do Rio Grande do Sul. A Turquia, por sua vez, bloqueou completamente as importações por falta de um certificado sanitário acordado, enquanto Taiwan limita a entrada apenas à carne que passa por tratamento térmico. Marrocos, Tadjiquistão, Ucrânia, Cuba e Polinésia Francesa também mantêm restrições regionais.
O Mapa ainda não anunciou ações concretas para derrubar esses embargos. A OMSA, embora tenha reconhecido a situação sanitária brasileira, não possui autoridade para determinar a retomada das exportações, cabendo essa decisão exclusivamente aos países importadores.
Além da Newcastle, o Brasil lida simultaneamente com restrições decorrentes da gripe aviária (H5N1), detectada em Montenegro (RS) em 16 de maio. Durante audiência no Senado, o ministro da Agricultura pediu “paciência”, destacando que o “vazio sanitário” de 28 dias, necessário para confirmar a erradicação da doença, se encerraria em 19 de junho, caso não surgissem novos focos.
Na semana passada, a OMSA reconheceu que o surto de gripe aviária permanece restrito ao município de Montenegro. Ainda assim, mais de 40 países mantêm embargos às exportações brasileiras. O governo negocia com a União Europeia e com a China a adoção da chamada “regionalização” das restrições, para liberar as exportações de áreas não afetadas.

Em 2024, a Ásia lidera as compras de carne de frango brasileira, com 31,8% do total exportado, seguida pelo Oriente Médio (30,6%), África (18,7%), América do Norte (10,8%) e União Europeia (4,5%). A China figura como maior comprador individual, com 562 mil toneladas adquiridas, seguida por Emirados Árabes Unidos, Japão, Arábia Saudita e África do Sul.
Atualmente, os países que mantêm embargo total ao frango brasileiro representam 45% das exportações do setor. Só em abril, esses mercados adquiriram 210 mil toneladas, de um total de 463 mil toneladas exportadas pelo Brasil, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior.
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