Documentos revelam desvio de mais de 17 milhões de reais por meio de contratos superfaturados e repasses a familiares de agentes públicos. Nome de envolvido com histórico criminal causa maior preocupação.
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Uma série de documentos obtidos por este colunista levantou graves preocupações sobre a Prefeitura de Colinas e seu envolvimento em um complexo esquema de corrupção que movimenta milhões de reais dos cofres públicos. O epicentro desse esquema seria a Construtora Iriri EIRELI, contratada para realizar diversas obras no município, muitas vezes superfaturadas, segundo as fontes, e que teria recebido, desde o início do esquema, mais de R$ 17 milhões.
Os documentos aos quais tivemos acesso revelam que parte significativa desses valores não é destinada às obras para as quais foram originalmente aprovados. Em vez disso, as somas são repassadas rapidamente para pessoas ligadas a políticos e funcionários da própria prefeitura, caracterizando o que pode ser um dos maiores escândalos de corrupção da história recente do município.
Uma possível organização criminosa em dois Núcleos
Segundo os documentos bancários e outras provas apresentadas, o esquema parece ser cuidadosamente organizado e dividido em dois núcleos: o núcleo político e o núcleo empresarial. O objetivo principal dessa estrutura seria o desvio de verbas públicas por meio de contratos fraudulentos, onde os valores das obras são supostamente superfaturados e, posteriormente, repassados para intermediários, geralmente familiares de servidores e políticos.
Entre os principais beneficiados estão:
- Josemar Carlos Casarin, Prefeito de Colinas, responsável pela aprovação de vários contratos objetos desta denúncia. Casarin teria papel central no aval desses contratos supostamente fraudulentos.
- Marcos Mota, Secretário de Educação, cuja irmã, Jane Mota do Nascimento, foi uma das principais beneficiárias dos repasses da Construtora Iriri, recebendo somas vultosas após a empresa ter recebido pagamentos do governo municipal.
- Ruy Batista, Secretário de Obras, que também vê sua família diretamente envolvida, tendo seu irmão Waisten Batista ercebido grandes quantias provenientes da Construtora Iriri, que se repete em várias transações. Waisten, o recebedor das altas quantias, além de ser irmão do secretário de obras, Ruy Batista, é também irmão de José Batista, conhecido como Ze Nagru, atual candidato a vice-prefeito.
As provas indicam que os repasses seguem um padrão claro: logo após a Construtora Iriri receber pagamentos da prefeitura, os valores são imediatamente transferidos para familiares e aliados políticos, sem qualquer justificativa comercial ou prestação de serviços que explique tais transações.
KM Construtora: Um elo oculto
Outra empresa envolvida no suposto esquema é a KM Construtora, por estar localizada no mesmo endereço da Construtora Iriri e por exibir comportamentos financeiros similares. Especialistas que analisam o caso acreditam que a KM Construtora pode ser uma empresa de fachada, controlada pela própria Iriri, e utilizada para pulverizar os valores desviados e mascarar as origens e os destinos do dinheiro público. A duplicidade de comportamento e o compartilhamento de endereços indicam uma possível tentativa de ocultar a verdadeira dimensão do esquema.
O envolvimento de Thomas Brollis, alguém com extensa ficha criminal
As investigações também trouxeram à tona o envolvimento de Thomas Brollis, um nome conhecido no mundo do crime. Ele aparece como destinatário de transferências de mais de R$ 20 mil da Construtora Iriri. O que torna essa revelação ainda mais alarmante é o histórico criminal de Brollis, que inclui acusações de tráfico de drogas e assalto à mão armada.
Em 2020, Brollis foi preso pela Polícia Civil por envolvimento com o tráfico de entorpecentes e posse ilegal de munição. Ele também esteve envolvido em um caso de roubo à mão armada, conforme relatado pela polícia local. A questão que surge é: por que uma construtora, que lida com contratos públicos, transferiria somas consideráveis para alguém com esse tipo de histórico? O envolvimento de Brollis pode sugerir a existência de um elo ainda mais profundo entre o esquema de corrupção e o crime organizado, algo que deve ser objeto de investigações futuras.
O papel da Construtora Iriri e de seus aliados
A Construtora Iriri é o ponto de convergência de todos os elementos do esquema. A empresa, que deveria estar focada na execução de obras para melhorar a infraestrutura do município, na verdade, tem se mostrado uma peça-chave para desvio de recursos públicos. Além das transferências para familiares de políticos, outra empresa que figura nos extratos financeiros é a Azia Veículos, de propriedade do vereador Antônio Pedroza, conhecido como Azia. Essa empresa recebeu valores substanciais da Iriri, levantando mais suspeitas sobre o envolvimento de figuras políticas na operação.
Além de Azia, o vice-prefeito Francisco Delmares também figura entre os beneficiários das transferências. Curiosamente, Delmares deixou de receber os repasses após romper politicamente com o prefeito Josemar Casarin, levantando suspeitas de que os pagamentos poderiam estar diretamente relacionados à lealdade política e ao favorecimento pessoal.
Apesar da gravidade das acusações, até o momento, a Prefeitura de Colinas e os agentes públicos envolvidos não se manifestaram oficialmente. A falta de respostas apenas aumenta a desconfiança da população, que já cobra transparência e punição para os responsáveis.
O esquema de corrupção envolvendo a Prefeitura de Colinas, a Construtora Iriri, a KM Construtora e outros agentes políticos pode revelar uma teia complexa de desvio de recursos públicos. A transferência de dinheiro para familiares de servidores, empresas de fachada e até indivíduos com histórico criminal expõe um sistema desenhado para lesar a população e enriquecer aqueles no poder. O envolvimento de figuras como Thomas Brollis, com um passado marcado pelo crime, apenas agrava a situação e sugere uma profundidade ainda maior no esquema.
Agora, a sociedade colinense aguarda o desenrolar das investigações e confia que as autoridades competentes agirão para punir os responsáveis e recuperar os valores desviados. O caso coloca em xeque a integridade dos agentes públicos e políticos da cidade, com repercussões que podem impactar toda a administração municipal.
Procurada por este jornalista, a equipe da prefeitura e os envolvidos na matéria preferiram não se manifestar. Uma representante do gabinete do prefeito chegou a declarar que explicariam os fatos, mas optaram por não faze-lo posteriormente. Reitero que o espaço segue aberto aqui para a versão da prefeitura.