São Paulo (20 de Março) – De acordo com o especialista do setor, Marcelo Souza, presidente do INEC – Instituto Nacional de Economia Circular, o segmento apresenta dados alarmantes e demanda ações urgentes.
O Relatório de Riscos Globais de 2025, do Fórum Econômico Mundial, revela uma mudança significativa na percepção dos problemas globais que a humanidade enfrentará ao comparar os cenários dos próximos dois e dez anos.
Nos próximos dois anos, os principais agravantes incluem conflitos armados entre estados, desastres naturais e eventos climáticos extremos, além de crises relacionadas ao custo de vida. Já em um horizonte de dez anos, os riscos ambientais dominam a lista, representando quatro dos cinco principais perigos previstos.
Cenário de dois anos: riscos imediatos
- Conflitos armados entre estados: identificado como o risco mais severo no curto prazo.
- Desastres naturais e eventos climáticos extremos: ocupando a segunda posição.
- Crises de custo de vida: também entre os três principais riscos.
Cenário de dez anos: riscos a longo prazo
Ao projetarmos os próximos dez anos, os riscos ambientais tornam-se ainda mais proeminentes:
- Falha na mitigação das mudanças climáticas: o risco mais severo no longo prazo.
- Falha na adaptação às mudanças climáticas: ocupando a segunda posição.
- Desastres naturais e eventos climáticos extremos: permanecem como grande preocupação.
- Perda de biodiversidade e colapso dos ecossistemas: subindo para a quarta posição.
Essa mudança no ranking de riscos indica, de forma clara, que as ações atuais não estão sendo eficazes para mitigar os impactos ambientais. A crise climática continua a se agravar, e as medidas adotadas até o momento não têm sido suficientes para reverter essa tendência.
A necessidade urgente de adotar uma economia circular
Diante desse cenário, a implementação de uma política de economia circular se apresenta como uma solução viável e necessária. Esse modelo promove uma abordagem sistêmica que inclui:
- Design de produtos: desenvolvimento de produtos focados na durabilidade, reparabilidade e facilidade de desmontagem, permitindo a reutilização ou remanufatura dos materiais ao final de sua vida útil.
- Visão sistêmica: abordagem holística que considera todo o ciclo de vida dos produtos, desde a extração de matérias-primas até o descarte, minimizando o impacto ambiental em cada etapa.
- Compartilhamento: incentivo a modelos de negócios baseados no compartilhamento de recursos, como caronas compartilhadas, aluguel de equipamentos e plataformas de troca, reduzindo a necessidade de produção de novos bens.
- Reuso e remanufatura: estímulo à reutilização de produtos e componentes, além da remanufatura, que restaura produtos usados para um estado semelhante ao novo, prolongando sua vida útil e reduzindo a demanda por novos recursos.
- Reciclagem: embora seja uma parte importante da economia circular, a reciclagem deve ser considerada a última opção, após esgotadas as possibilidades de reuso e remanufatura. Embora ajude a recuperar materiais valiosos, deve ser complementada por estratégias que evitem a geração de resíduos desde o início.

Benefícios da Economia Circular
- Redução de resíduos e poluição: ao focar no design sustentável e na reutilização, a economia circular reduz significativamente a quantidade de resíduos e a poluição ambiental.
- Eficiência no uso de recursos: diminui a dependência de matérias-primas e reduz os custos de produção.
- Mitigação das mudanças climáticas: práticas circulares contribuem para a redução das emissões de gases de efeito estufa, ajudando no combate às mudanças climáticas.
- Estímulo à inovação: a transição para uma economia circular impulsiona novas oportunidades de negócios e empregos verdes.
Conclusão
A comparação entre os cenários de dois e dez anos do Relatório de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial reforça a necessidade urgente de mudanças nas políticas atuais. A implementação de uma economia circular é uma das principais alternativas viáveis para enfrentar esses desafios de forma eficaz.
Ao adotar práticas circulares, podemos não apenas mitigar os impactos negativos dos riscos ambientais, mas também construir um futuro mais sustentável e resiliente.
Sobre o especialista
Marcelo Souza é químico e engenheiro de produção e mecânica. Possui MBA Internacional em Administração pela FGV, MBA pelo Instituto Universitário de Lisboa, pós-MBA em Tendências e Inovação, e Formação de Conselheiro de Administração pela Inova Business School.
É mestre em Administração pelo Instituto Universitário de Lisboa, com especialização em Transformação Digital pelo MIT e Economia Circular pela Universidade de Berkeley Extension.
Atualmente, é CEO da Indústria Fox – Economia Circular, presidente do Conselho de Administração da Ilumi Materiais Elétricos, conselheiro e diretor de Meio Ambiente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) – Regional Jundiaí, e membro do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da Fiesp.
Professor da PUC Campinas, é também membro da Coalizão Empresarial por um Tratado dos Plásticos e presidente do INEC – Instituto Nacional de Economia Circular.
Além disso, é escritor e agora lança seu terceiro livro, a antologia Reciclagem de A a Z, reunindo conhecimentos de especialistas em economia circular e reciclagem.
Para ficar por dentro de tudo sobre o universo dos famosos e do entretenimento siga o EGOBrazil no Instagram.
**As informações contidas neste texto são de responsabilidade dos colunistas e não expressam necessariamente a opinião do portal